quarta-feira, 11 de maio de 2016

Para pensar...



Ampliando nosso raio de visão, além do nosso círculo familiar, do nosso trabalho, do nosso rol de amizades, daqueles com quem convivemos no trato diário, vemos os que formam nossa sociedade, as pessoas de nosso bairro, de nossa cidade, de nosso estado, de nosso país, onde mesmo com alguns aspectos regionais e culturais a nos diferenciar, assim como sociais e religiosos, acabamos por nos afinar e nos aproximar, nos sintonizando nas tendências, nas formas de agir e de pensar, fato normal, considerando-se uma nação como uma individualidade única frente às outras.


Seguindo esta linha de pensamento, viajemos até outros países, outras culturas, estas sim, na maioria dos aspectos, totalmente diferentes da nossa, principalmente no que se refere aos países orientais, do oriente médio, do continente africano, onde os costumes, a religião, os valores éticos e morais, divergem de maneira mais significativa, em relação ao que nós estamos acostumados a valorizar e vivenciar em nosso dia a dia.


Infelizmente, o maior fator da diferenciação em termos de ideal que hoje que vemos entre os povos, aquele que mais impacta no relacionamento global, ao contrário de um passado recente onde os regimes políticos se enfrentavam e combatiam, é o fator religioso, onde o fanatismo de ideias e ideais, gera o separatismo, a agressividade, o preconceito, a intolerância, fazendo com que seus principais seguidores deixem de lado os princípios básicos de todas frentes religiosas, o amor e a paz, e busquem nas conquistas violentas, nas reações reacionárias, a imposição de sua forma de agir e de pensar.


De um lado a religião infiltrada no poder temporal da política, do outro, a política tudo fazendo para deixar a religião afastada e submissa, não percebendo que não são seus dogmas que devem nortear as decisões do estado, como outrora fora com o poder papal, mas sim os sentimentos que ela representa, longe do poder temporal do homem, de suas paixões, de suas tendências inferiores.


De um lado do mundo, a religião é posta pela dominação política, do outro, pela imposição do capital, sendo que em ambos os casos a religiosidade humana serve de moeda de troca, de negociação, da ambição de poucos utilizando-se da manipulação de muitos, sendo os valores de Maomé, de Moisés, do Cristo, reduzidos a meras negociatas de poder, de riquezas materiais, enquanto que um lado faz seus seguidores empunharem armas e bombas, enquanto que o outro faz com que os seus visualizem só seus projetos de riqueza material, consequentemente, utilizando-se da boa vontade humana para encher seus cofres.


O que o ser humano precisa conquistar, e muitos, recuperarem, é a essência que formaram a base de todas as religiões, onde a ética, a moral, a justiça, a fraternidade, o respeito, o amor, prevaleçam, independente do que cada um acredite e valoriza para si, seja como individualidade ou como coletividade, porque se não aprendermos a respeitar a forma de pensar do próximo, nunca encontraremos a paz e a segurança para vivermos de forma produtiva e enobrecedora, assim como nossos filhos e as novas gerações que formarão nosso orbe terrestre.


Independente de nossa religião, de nossa preferência política, de nossa raça, do nosso sexo, todos temos o direito de viver em paz e em harmonia, dentro de um espaço coletivo onde todos se respeitem e não tenham como objetivo a dominação e o poder, pois estes, quando impostos, trazem consigo sempre os mais perniciosos sentimentos, como o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a cobiça, a usura, mesmo que estejam disfarçados por ideais ou por aparentes razões nobres e de uma suposta honra.


Muitas nações, não reconhecem a autoridade moral do Cristo, tendo como guia de sua religiosidade outros emissários das Verdades Divinas, como Moisés, Maomé, Buda, entre outros, porém, dentro dos conceitos estabelecidos pelo Mestre, seus ensinamentos, seus exemplos, é Ele, como mesmo afirmou, o Caminho, a Verdade e a Vida, pois se baseia unicamente nas maiores necessidades que hoje enfrentamos como humanidade terrestre, quando vemos faltar a paz, a fraternidade, o respeito pelas diferenças, e, principalmente, o Amor.


Porém, se paramos para analisar, aqueles que deram continuidade aos seus ensinamentos, como ocorre até hoje, podem ser considerados os principais adversários para que seu ideal maior não se estenda para além das fronteiras daqueles que não o aceitam e não o reconhecem. Desde os primeiros séculos da nossa era, os principais países e nações que ergueram a bandeira do Cristianismo, partindo de Roma, e se estendendo pelo mundo Ocidental, primaram pela mesma postura a qual hoje criticamos em outras fanatizadas religiões, ou seja, sempre levaram o Cristo por imposição, pela força, pelas armas, pelas guerras santas, pelas inquisições, pela perseguição dos que dela discordavam, utilizando-se da violência para fazer valer um ideal de Puro Amor, sem perceber a total discrepância, tal as barbaridades que se cometeram, e que em muitos lugares até hoje se cometem, em nome Daquele que veio, exatamente, para se antepor a esta forma de domínio, valorizando o perdão, a reconciliação, e o amor até mesmo para com aqueles que se considerem nossos inimigos.


Assim, como fazer ver a outras correntes religiosas que podem confiar no Cristo porque Ele representa o Amor e a Paz, se até hoje as principais nações que o tem como ideal ainda preferem resolver suas situações pela guerra e pela imposição de ideias?


Como demonstrar para irmãos que não conhecem o Cristo que Ele é Puro Amor e Bondade, se nem mesmo seus representantes e seguidores nisso acreditam, ainda preferindo fazer de Deus um ser vingador, punitivo, separatista, e que privilegia uma ou outra casta?


Entre os países ocidentais, onde o Cristianismo se mantém vivo e atuante? Onde quem está de fora consegue enxergar naqueles que dizem seguir o Cristo, a bondade, o respeito, a humildade, a mansidão, a fraternidade, a caridade, a natural tendência ao perdão e a compreensão das diferenças que o Mestre representa em sua essência?


A Doutrina Espírita, mesmo que muitos cristãos não a reconheçam como tal, é o Consolador Prometido por Jesus, que veio explicar aquilo que o homem da sua época não estava preparado para entender, como a lei da reencarnação, da multiplicidade de mundos e de existências, da causa e efeito, que traz uma nova luz para as gritantes diferenças sociais, intelectuais, físicas, e morais que diferenciam a sociedade humana, demonstrando que todos temos à mesma origem, com o mesmo ideal maior, mas que percorremos cada qual um estágio único de nossa jornada evolutiva, sendo o momento que hoje vivemos no plano físico um mero segundo dentre a imensidade de possibilidade e oportunidades que a eternidade espiritual tem a nos oferecer.


Porém, como espiritas, não podemos repetir os mesmos erros que em um passado culposo, em outras vidas, talvez já tenhamos cometido, e que muitos até hoje o cometem, não nos prendendo a dogmas e a conceitos, a discursos, livros, palestras, reuniões, conclaves, sem vivenciar, em nosso dia a dia, de fato, os conceitos e preceitos que formam à nossa Doutrina, e que nos orientam para nossa evolução como individualidade.


Se o Espiritismo é o Cristianismo redivivo, precisamos viver, agir, reagir, enfrentar nossas adversidades, realizar nossos sonhos, alcançar nossos objetivos, de forma cristã, dando a Cesar o que é de Cesar, e a Deus o que é de Deus, desta forma, quando alguém se identificar como espírita, aquele que não o é, verá alguém pacífico, solidário, amigo, fraterno, amoroso, honesto, justo, compreensivo, tolerante, ou seja, alguém de acordo com os preceitos que sua Doutrina ensina, e os preceitos que seu Mestre Maior, Jesus Cristo, representa.


Já atingimos, como coletividade espírita, a este ideal?


Cada um de nós, analisando a si mesmo, como pensa, como fala, como age, com o que prioriza e tem como necessidade, pode afirmar que vive como um espírita, como um cristão?


Enquanto não nos modificarmos como individualidade, não nos transformaremos como coletividade, e consequentemente, não faremos prevalecer o espírito cristão em nosso planeta, porque o Cristo, como muitos pensam e afirmam, não está ultrapassado, Ele não gerou guerras, Ele não gerou preconceitos, Ele não gerou separatismo, Ele não pediu dinheiro para suas obras, Ele não prometeu sucesso profissional ou pessoal, Ele na Verdade, desde que aqui passou, há mais de dois mil anos, sempre esteve entre nós, mas nós, até hoje, em sua essência, nunca estivemos com Ele.



Para pensar... 

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