quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Somos iguais na criação e no destino...



Sabemos o quanto é difícil desculpar a quem nos ofende, a quem, deliberadamente ou não, nos prejudica, o quanto é complicado relevar maus tratos, injúrias, difamações, humilhações, o quanto ainda lutamos para seguir a máxima do Cristo que ensina-nos para “não julgar afim de não ser julgado”, o quanto ainda estamos distantes de conhecer e vivenciar o sincero e verdadeiro perdão, ainda mais quando somos agredidos fisicamente ou moralmente.


Foi o Mestre Jesus que trouxe à humanidade terrestre a necessidade do Amor, do Perdão, do oferecer a outra face, do desculpar aos inimigos, e, foi Ele, pela inferioridade dominante em sua época, pela dificuldade de compreenderem e de aceitarem seus sublimes conceitos, considerado pelos que dominavam e comandavam, que detinham o poder temporal, político e religioso, considerado um fraco, um louco, um revolucionário, sendo, por isso, consequentemente, punido e castigado, pelos que não conseguiam entender sua sublimidade e simplicidade, preferindo abafar através da agressividade, motivados pelo orgulho, as Verdades Eternas que Ele lhes trouxe, como se pudesse, as trevas, apagar ou tirar o brilho do Sol, já que, mesmo que posteriormente seus discípulos continuassem a ser perseguidos e manietados em seus ideais, seus conceitos e exemplos, sobreviveram e se espalharam pelo mundo, se mantendo até hoje em toda sua plenitude, ainda mais agora que foi corroborado, ampliado e devidamente explicado pela Doutrina Espírita, pelo Consolador que Ele nos prometeu e enviou, apontando na lei da causa e efeito, da reencarnação, da pluralidade dos mundos, a ideia básica da necessidade de se reconciliar com os inimigos e adversários enquanto na carne, de perdoar não sete mais setenta vezes sete, para conscientizar a todos que todo o mal, toda a dor, todo sofrimento que não é esquecido ou relevado, tende a se arrastar por inúmeras existências, gerando vínculos entre aqueles que por não esquecerem as ofensas, acabam por se enredar em longos processos de perseguições sistemáticas, de obsessões, de relacionamentos baseados no ódio e no desejo de vingança.


Jesus é até hoje o espírito mais perfeito que esteve encarnado entre nós; toda sua jornada foi de amor, de ensinamentos sublimes, de exemplos inesquecíveis, trazendo-nos na plenitude, todo o Amor com que devemos traçar nosso caminho para que alcancemos o reino dos céus, a espiritualidade superior, e foi Ele também até hoje, o Modelo Maior desta necessidade de perdoarmos as ofensas a fim de também sermos perdoados por quem ofendemos, já que, sendo o mais perfeito, foi também, consequentemente, o mais injustiçado, e tendo o poder conferido por Deus para escapar do martírio que lhe foi imposto, preferiu tudo sofrer, para deixar bem claro qual o único caminho que nos levará a salvação, a evolução, que é, exatamente, o de carregarmos valorosamente a nossa própria cruz, e como Ele, quando formos perseguidos ou agredidos, erguer os olhos aos céus e suplicar a Deus que perdoe a todos, porque como nós, eles não sabem ainda o que fazem.


Infelizmente, quis a história, que as ações de seus seguidores, ao longo do tempo, invertesse a posição de perseguidos, para perseguidores, gerando séculos de terror e violência, usando para isso, indevidamente, o nome do Mestre para justificar seus desatinos, em ações belicosas e violentas que se baseavam em uma pretensa defesa aos princípios cristãos, os mesmos conceitos que colocam bem alto em sua bandeira, o amar a Deus sobre todas as coisas e o próximo como a si mesmo.


As cruzadas, as guerras santas, a idade média com suas fogueiras, com sua caça as bruxas, as perseguições aos seguidores de Lutero, o silêncio de cumplicidade junto às atrocidades contra os escravos, os índios; as guerras, situações onde a Verdade Cristã foi posta de lado e o ódio, o preconceito, o poder temporal estiveram sempre em primeiro plano em detrimento aos sublimes ensinamentos do Mestre, entre eles, aquele que mandava atirar a primeira pedra quem estivesse sem pecado, aqueles que, purificando os pecadores aconselhava-os a se reerguerem e não mais errar, que colocava acima de tudo o Amor e o respeito incondicional, independente da raça, da classe social, da cor, da religião, tratando a todos como o bom samaritano em sua inolvidável parábola.
        


O Pai é supremo Amor e até hoje nos aguarda, pacientemente, que nos voltemos para Ele e assumamos de vez o nosso papel nas tarefas do bem, que nos tornemos soldados do seu exército e que aprendamos a dar valor aos verdadeiros parâmetros do amor e paz, priorizando a caridade, a fraternidade, a igualdade de direitos entre todos, que, de fato, nos tratemos e nos relacionemos como irmãos, o mais forte protegendo o mais fraco, o mais inteligente ao ainda ignorante, nos unindo em uma extensa corrente onde nenhuma das ovelhas do Cristo se perderá, chegando todos aos píncaros da perfeição humana, cada um dentro de suas possibilidades, traçando o caminho que escolher para si, levando o tempo que precisar, tendo, porém, a certeza, que dependerá sempre do seu próprio esforço esta conquista, esta efetiva transformação espiritual.


Somos todos irmãos, cúmplices, amigos, companheiros de jornada, não cabendo a ninguém o papel de juiz, de censor, porque se hoje somos vítimas, ontem fomos os agressores, ou poderemos vir a ser amanhã; se hoje já compreendemos o que fazer, pelo estudo, pelo discernimento, outros, que nem mesmo sabem ler, já agem, já sentem, já vivenciam aquilo que apenas agora alcançamos em teoria.



Somos iguais na criação e no destino, sendo, porém, diferentes na forma que escolheremos para percorrer o caminho de um extremo ao outro, tendo, porém, na atual fase que o nosso planeta vive, uma única certeza, a que está no Mestre Jesus a resposta para nossas dúvidas e incertezas, pois, será Ele, sempre, o nosso Caminho, a nossa Verdade e a nossa Vida.

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