Muitos
ainda, apesar da aparente intenção de se tornarem efetivos tarefeiros da seara
espírita, apesar de não mais praticarem deliberadamente o mal, de tudo fazerem
para não se entregarem a vícios e paixões degradantes, preferem, através das mais
estranhas e incompreensíveis justificativas, adiar, deixar para um momento mais
propício, que por experiência sabemos tardar a acontecer, isso quando acontece,
o ato efetivo de contrair compromissos, de assumir responsabilidades concretas,
seja qual for a frente de trabalho, dentre as inúmeras que as lides espíritas
oferece.
Gostam
de assistir palestras, de frequentar as reuniões públicas, de receber o benefício
do passe, de levar esporadicamente algumas roupas usadas e alguns mantimentos
para os irmãos mais carentes, porém, preferem não se envolver em nada que exija
sua participação mais contínua, mais regular, que envolva dias e horários específicos.
Não
estudam regularmente os princípios evangélicos e os conceitos doutrinários
porque não gostam de ler, ou por não terem “tempo”, ou por consideram os livros da
codificação trazidos por Allan Kardec de difícil compreensão, ou entediante leitura,
preferindo assim conhecer superficialmente aos princípios, se apegando
unicamente no que ouviram em uma ou outra palestra a que assistiram.
Não
entram para a equipe de organizadores e dirigentes, quando já algo entendem dos
preceitos doutrinários, por se acharem incapacitados para tal ou por não disporem
de tempo, justificativa também utilizada com constância para não entrarem na
equipe das tarefas mediúnicas, nos que providenciam a limpeza e a organização
do ambiente, nas ações assistenciais junto aos mais carentes, na visita aos
hospitais, aos presídios, aos moradores de rua.
Problemas
pessoais, incapacidade intelectual, imperfeição espiritual, enfermidades físicas,
timidez, medo, além da já citada falta de tempo, são as constantes
justificativas e desculpas nas quais se agarra para não interagir mais
incisivamente nas tarefas do centro que frequenta, preferindo agir a margem,
quando tiver vontade, quando não for atrapalhar a outras atividades de sua
agenda diária.
Não
devemos, e nem temos capacidade para tal, para esmiuçarmos os reais motivos que
levam ao frequentador da casa espírita a não doar mais de si em prol das atividades
que sabemos ser uteis, e por vezes, essenciais, a inúmeros irmãos em desequilíbrio,
tanto em estágio no plano físico como no espiritual, talvez sentimentos como o
egoísmo, a preguiça, o orgulho, a vaidade, também sejam agentes influenciadores
para que assim procedam, mas não cabe a ninguém julgar, porque nós mesmos, se pararmos
para avaliar, teremos sempre muita mais condições de trabalho e de ação do que
atualmente dispomos, onde infelizmente, porém, continuamos a priorizar o mundanismo
e a futilidade de nossa sociedade, como membros ativos que dela somos.
O
mais estranho, ou talvez não, já que isso também é comum no ser humano, é que
mesmo assim fazem questão de tomarem para si o título de espírita, como deve
ocorrer também nas demais correntes religiosas, onde o termo “não praticante” tão
comumente é usado, sem terem a noção exata que um título serve exatamente para
identificarmos aquilo que somos dentro do conceitual que ele carrega em si,
fato que, nestes casos que citamos, em nada condiz com a verdade dos fatos.
Ainda dentro desta linha de pensamento, até mesmo para os espíritas mais ativos
e devidamente engajados nas frentes de trabalho e estudo que o Espiritismo oferece,
faz-se necessário a vigilância e a constante avaliação da própria conduta, para
que não venhamos a nos afastar do objetivo principal que é a reforma íntima, a
transformação espiritual para o bem, principalmente quando nos atemos tanto ao
conceitual, a teoria, as ações efetivas, ao comparecimento disciplinado aos
compromissos assumidos, que nos esquecemos de por em prática, em nosso dia a
dia, os sentimentos positivos e nobres que devem ser os principais agentes
norteadores daquele que segue, ou que pretende seguir, os ensinamentos do
Mestre Jesus.
A
caridade, a humildade, a honestidade, a alegria, a facilidade de perdoar e
compreender as diferenças evolutivas, o não julgar, deve ser os sentimentos que
predominam em nosso íntimo e em nossas ações, não só quando entre as paredes do
nosso centro, junto aos nossos companheiros de Doutrina, mas, também, e
principalmente, devem se estender ao nosso lar, com a nossa família, os nossos
amigos, em nosso trabalho, em nosso lazer, nas mais simples situações que
venhamos a enfrentar durante nossa existência diária.
Termos
ou não tempo para cuidarmos de nossa renovação espiritual, de participarmos
efetivamente de ações que venham a nos beneficiar e aos nossos irmãos do caminho,
de acordo com os conceitos cristãos e os preceitos espíritas, dependerá sempre
do que priorizarmos para a nossa vida.
Ninguém
é obrigado a nada, não é fator condicionante para sermos felizes e
conquistarmos nossa vitória espiritual sermos espíritas, católicos, budistas, mas, desde que desejemos nos dedicar a algo, seja o que for, que o
façamos de corpo e alma, com todas as possibilidades realizadoras que possuímos,
caso contrário estaremos desperdiçando o que mais de precioso temos, o nosso
tempo, juntamente com o que de mais precioso Deus nos deu em nossa romagem
terrestre, a nossa energia vital, tudo devidamente adequado a nossa possibilidade
de discernir, de decidir, de escolher, tendo cada um a liberdade, o livre arbítrio
para escrever sua própria história.
O
que podemos dizer e dela esperar, por nós, é que nossa história seja de menos
promessas e títulos, e mais de ações e realizações.
No
bem, sempre no bem.
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