quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Ninguém é obrigado a nada...




Muitos ainda, apesar da aparente intenção de se tornarem efetivos tarefeiros da seara espírita, apesar de não mais praticarem deliberadamente o mal, de tudo fazerem para não se entregarem a vícios e paixões degradantes, preferem, através das mais estranhas e incompreensíveis justificativas, adiar, deixar para um momento mais propício, que por experiência sabemos tardar a acontecer, isso quando acontece, o ato efetivo de contrair compromissos, de assumir responsabilidades concretas, seja qual for a frente de trabalho, dentre as inúmeras que as lides espíritas oferece.


Gostam de assistir palestras, de frequentar as reuniões públicas, de receber o benefício do passe, de levar esporadicamente algumas roupas usadas e alguns mantimentos para os irmãos mais carentes, porém, preferem não se envolver em nada que exija sua participação mais contínua, mais regular, que envolva dias e horários específicos.


Não estudam regularmente os princípios evangélicos e os conceitos doutrinários porque não gostam de ler, ou por não terem “tempo”, ou por consideram os livros da codificação trazidos por Allan Kardec de difícil compreensão, ou entediante leitura, preferindo assim conhecer superficialmente aos princípios, se apegando unicamente no que ouviram em uma ou outra palestra a que assistiram.


Não entram para a equipe de organizadores e dirigentes, quando já algo entendem dos preceitos doutrinários, por se acharem incapacitados para tal ou por não disporem de tempo, justificativa também utilizada com constância para não entrarem na equipe das tarefas mediúnicas, nos que providenciam a limpeza e a organização do ambiente, nas ações assistenciais junto aos mais carentes, na visita aos hospitais, aos presídios, aos moradores de rua.



Problemas pessoais, incapacidade intelectual, imperfeição espiritual, enfermidades físicas, timidez, medo, além da já citada falta de tempo, são as constantes justificativas e desculpas nas quais se agarra para não interagir mais incisivamente nas tarefas do centro que frequenta, preferindo agir a margem, quando tiver vontade, quando não for atrapalhar a outras atividades de sua agenda diária.


Não devemos, e nem temos capacidade para tal, para esmiuçarmos os reais motivos que levam ao frequentador da casa espírita a não doar mais de si em prol das atividades que sabemos ser uteis, e por vezes, essenciais, a inúmeros irmãos em desequilíbrio, tanto em estágio no plano físico como no espiritual, talvez sentimentos como o egoísmo, a preguiça, o orgulho, a vaidade, também sejam agentes influenciadores para que assim procedam, mas não cabe a ninguém julgar, porque nós mesmos, se pararmos para avaliar, teremos sempre muita mais condições de trabalho e de ação do que atualmente dispomos, onde infelizmente, porém, continuamos a priorizar o mundanismo e a futilidade de nossa sociedade, como membros ativos que dela somos.


O mais estranho, ou talvez não, já que isso também é comum no ser humano, é que mesmo assim fazem questão de tomarem para si o título de espírita, como deve ocorrer também nas demais correntes religiosas, onde o termo “não praticante” tão comumente é usado, sem terem a noção exata que um título serve exatamente para identificarmos aquilo que somos dentro do conceitual que ele carrega em si, fato que, nestes casos que citamos, em nada condiz com a verdade dos fatos.


Ainda dentro desta linha de pensamento, até mesmo para os espíritas mais ativos e devidamente engajados nas frentes de trabalho e estudo que o Espiritismo oferece, faz-se necessário a vigilância e a constante avaliação da própria conduta, para que não venhamos a nos afastar do objetivo principal que é a reforma íntima, a transformação espiritual para o bem, principalmente quando nos atemos tanto ao conceitual, a teoria, as ações efetivas, ao comparecimento disciplinado aos compromissos assumidos, que nos esquecemos de por em prática, em nosso dia a dia, os sentimentos positivos e nobres que devem ser os principais agentes norteadores daquele que segue, ou que pretende seguir, os ensinamentos do Mestre Jesus.


A caridade, a humildade, a honestidade, a alegria, a facilidade de perdoar e compreender as diferenças evolutivas, o não julgar, deve ser os sentimentos que predominam em nosso íntimo e em nossas ações, não só quando entre as paredes do nosso centro, junto aos nossos companheiros de Doutrina, mas, também, e principalmente, devem se estender ao nosso lar, com a nossa família, os nossos amigos, em nosso trabalho, em nosso lazer, nas mais simples situações que venhamos a enfrentar durante nossa existência diária.


Termos ou não tempo para cuidarmos de nossa renovação espiritual, de participarmos efetivamente de ações que venham a nos beneficiar e aos nossos irmãos do caminho, de acordo com os conceitos cristãos e os preceitos espíritas, dependerá sempre do que priorizarmos para a nossa vida.


Ninguém é obrigado a nada, não é fator condicionante para sermos felizes e conquistarmos nossa vitória espiritual sermos espíritas, católicos, budistas, mas, desde que desejemos nos dedicar a algo, seja o que for, que o façamos de corpo e alma, com todas as possibilidades realizadoras que possuímos, caso contrário estaremos desperdiçando o que mais de precioso temos, o nosso tempo, juntamente com o que de mais precioso Deus nos deu em nossa romagem terrestre, a nossa energia vital, tudo devidamente adequado a nossa possibilidade de discernir, de decidir, de escolher, tendo cada um a liberdade, o livre arbítrio para escrever sua própria história.


O que podemos dizer e dela esperar, por nós, é que nossa história seja de menos promessas e títulos, e mais de ações e realizações.


No bem, sempre no bem.

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