Espíritos
eternos que somos, ainda no início, nos primeiros passos na senda do bem, após
séculos nos quais fomos arrastados por nossas paixões inferiores; vivemos em
constante luta pelo equilíbrio, pelo autocontrole, pela convicção não só de
ideias, mas, principalmente, de ideais, de pensamentos, educando palavras, formatando
atitudes, posturas, enriquecendo sentimentos.
Já
somos, hoje, como cristãos, como espíritas, dominados pelo real desejo do bem,
já temos, mesmo que ainda indecisos, a sincera intenção de seguir o caminho que
levará a sancionar em nosso íntimo os reais valores e sentimentos que nos farão
evoluir como ser individual dentro do Universo Divino.
Estudamos
o cristianismo em sua essência, longe dos dogmas gerados pelos homens, assim
como mergulhamos nas obras da codificação espírita, nas obras que vieram
enriquecê-la e complementa-la.
Frequentamos
o centro, os grupos de estudo, assistimos às palestras edificantes, tomamos o
passe reequilibrante e salutar, e se propensos, buscamos desenvolver a mediunidade,
visando auxiliar no intercâmbio com nossos amigos espirituais.
Participamos
ativamente das atividades beneficentes, levando roupas, brinquedos, mantimentos,
para as famílias carentes atendidas pelo grupo, passando assim, dentro de
nossas limitações, a interagir ativamente com todas as atividades das lides
doutrinárias.
Infelizmente,
como ainda a grande maioria nas mesmas circunstâncias, ainda indecisos, neófitos,
titubeantes no caminho do bem, ainda não totalmente equilibrados e senhores
sobre nossas paixões, nossas inquietações, excetuando-se o tempo em que estamos
efetivamente voltados e focados para as tarefas espíritas-cristãs, deixamo-nos
dominar por nossos instintos e sentimentos inferiores, voltando a recapitular vários
erros e deslizes, alguns até mesmo aparentemente bem simples e de somenos importância,
mas que vão minando nossa resistência, fazendo com que os benefícios recebidos
em algumas horas junto a irmãos de ideal no bem, se percam, se diluam, quando
em contato com a nossa vida cotidiana, junto a família, aos amigos, no
trabalho, no lazer, ou nas mais variadas situações diárias que enfrentamos.
Atos,
ações, reações, onde nos deixamos arrastar pela impaciência, pela intolerância,
pela prepotência, pelo egoísmo, pela vaidade e, principalmente, pelo orgulho,
que acabam gerando posturas mordazes, críticas, agressivas, inconsequentes,
onde o desprezo e a hostilidade pelos irmãos do caminho ganham vulto, fazendo
com que nos afastemos, na prática, dos princípios que estamos tentando começar
a esposar.
Assim,
mesmo já motivados à transformação, terminamos por nos manter estacionários, tal
a displicência com que lidamos com a nossa existência, sempre deixando para
depois a renovação íntima, única capaz de nos fazer vencer as nossas imperfeições,
agindo com frágil vontade e uma quase nula disciplina, valorizando ainda as paixões
antigas, os vícios, ao qual nos acomodamos sem nem mesmo perceber, preferindo
considerar que fazem parte permanente da nossa personalidade, empurrando assim
sempre para o futuro qualquer decisão mais incisiva de transformação, o que só
ocorrerá, de fato, quando abrirmos mão dos falsos prazeres, da falsa sensação
de segurança, quando nos dispusermos sair da nossa zona de conforto e nos
arrojar ao desconhecido, a mudança, que como tal, exige sempre uma vontade férrea,
uma coragem, uma disposição, ciente da necessidade da renúncia, abrindo mão do
que temos de negativo, pelo que queremos conquistar de positivo.
Há
ocasiões em que espíritos endurecidos no mal, escarnecedores das leis divinas, quando
se dispõe a própria regeneração, a resgatarem seus débitos, a se voltarem para
o bem, e mais cedo ou mais tarde isso irá ocorrer com todos independente do
grau de inferioridade a que se tenha entregado, conseguem, pela coragem, pela
disciplina, pelo foco com que sempre nortearam suas decisões, uma transformação
mais rápida e mais concludente que muitos de nós que agimos e reagimos baseados
na dúvida, no medo, na indecisão, perdidos entre alguns acertos e pequenos
erros, tal a persistência que eles possuem e na qual sempre basearam suas atitudes
e decisões, isso logo quando trocam a obstinação no mal, pela determinação no
bem.
Se
fortes eram no mal, fortes passam a ser no bem, evidente que terão que resgatar
proporcionalmente tudo de negativo que geraram para si e para o próximo, mas ao
se entregarem a este resgate, a esta reforma, muitos pedem para si as mais
duras provas, os mais dolorosos resgates, e, se sua personalidade, de fato, é
forte, é resoluta, é determinada, bem provavelmente em pouco tempo, fará com
que avancem muito além do que muito de nós até agora avançou, presos que
estamos no tempo, dividindo-o entre intermináveis indecisões de erros e acertos,
prometendo mas não cumprindo, planejando e não executando, começando e não terminando,
esperando sempre que os outros tomem por nós as decisões mais importantes e incisivas
para nossa evolução, nos escondendo sempre atrás de inúmeras desculpas e justificativas,
presos a inércia, a falta de iniciativa e coragem para assumir o controle efetivo
da nossa existência.
Louvável
sempre a resolução de buscarmos a nossa renovação, a nossa transformação
espiritual, e se escolhemos o caminho dentro dos preceitos espíritas, se nos
conduzimos de forma a contribuir não só para o nosso melhoramento como também
para o melhoramento dos nossos irmãos do caminho e do todo, que o façamos de
forma gradativa, mas, essencialmente contínua, progressiva, buscando mais
estudar, mais trabalhar, e, principalmente, mais praticar, efetivando em nosso íntimo
os conceitos e os sentimentos cristãos, vindo assim agir no nosso dia-a-dia,
com nossa família, com amigos, no lar, no trabalho, em todas as nossas ações e
reações de nossa luta cotidiana.
Primordial
para nossa vitória, conhecermos a nós mesmos, estudando o nosso íntimo, quem somos
de fato, para que, com disciplina, com determinação, possamos dominar nossas imperfeições,
nossas dúvidas, nossos medos, gerando uma sintonia real com nossos amigos e benfeitores
espirituais, não mais nos deixando arrastar pelo que fomos e sim, nos fortalecendo
para aquilo que desejamos e almejamos ser, transformando e avançando, sempre no
caminho do bem.
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