Muitos
ao sofrerem reveses clamam por justiça, muitos nas calamidades, nos crimes que
chegam ao seu conhecimento, prestamente, se arvoram de juízes, acusando de
forma peremptória aqueles que, de fato indevidamente, de forma explícita, se
entregaram ao mal, ao erro, alimentando a violência, nas diversas formas que
ela se expressa em nossa sociedade, violentando direitos alheios, por vezes
ceifando, sem nenhuma razão de ser, vidas inocentes.
Infelizmente,
temos ainda em nossa sociedade moderna, como tivemos em todos os tempos,
aqueles que se entregam, por diversos motivos, a agressividade e ao desprezo as
normas básicas de civilidade, preferindo o crime, a usurpação do que não lhe
pertence, magoando de forma, por vezes fatal, aos seus irmãos do caminho,
trilhando um caminho distante de Deus, dos conceitos cristãos, de honestidade e
amor.
Inúmeras
são as origens que levam a que se desviem do bem, vindo a se entregar de forma
deliberada ao crime, com atenuantes ou não, é certo, porém, que nada justifica
tal procedimento, e todos, por mais difícil que tenha sido a situação inicial,
poderiam, com esforço, sacrifício, dedicação, ter buscado alternativas outras
para superarem suas dificuldades, permanecendo assim de forma licita a trilhar
sua jornada na sociedade em que estão inseridos, conquistando aos poucos seu
espaço, crescendo e evoluindo como individualidades eternas.
Porém,
motivados muito pelos excessos cometidos pelos meios de comunicação, inúmeras
são as pessoas que tomam para si um direito que não lhes pertence, que é o de
julgar e condenar ao próximo, exigindo uma punição e uma corrigenda que muitas
vezes vai muito além das próprias leis vigentes, carregando
em seu íntimo um ódio e um desejo de revanche, de vingança, que extrapola até
mesmo em inferioridade ao sentimento que motivou ao atual criminoso a agir em
desacordo com a lei.
Citado
foi o “atual criminoso”, exatamente porque este é um dos princípios básicos do
cristianismo, o fato de ter direito apenas a atirar pedras, aquele que estiver sem
pecado, ou seja, que julgue ao próximo apenas quem, em nenhum momento, tenha
cometido algum um crime, não tendo ferido as leis humanas estabelecidas, ou de
forma subjetiva, tendo vindo ferir aos princípios divinos de amor, de tolerância, de
honestidade, de fraternidade, de amor.
Indo ainda mais a fundo neste conceito básico de justiça, se formos levar em conta, como o devemos fazer de fato, a lei da reencarnação, das vidas sucessivas e interligadas, menores e mais ínfimas serão as possibilidades de estarmos sendo afetados de alguma forma em nossa existência atual, sem que o que esteja nos prejudicando, não seja mero reflexo e consequência do que indevidamente cometemos em nosso passado, o que vem trazer à tona a culpabilidade ampla de todos nós que estamos vivendo este atual estágio evolutivo do nosso planeta, onde como tão bem frisou o Cristo, dificilmente encontraremos a alguém que esteja isento de culpa, que também de alguma forma não tenha sido em algum momento o agressor, o criminoso, aquele que lesou a justiça dos homens ou a divina.
Quem
hoje está sofrendo uma injustiça, ontem pode ter feito algo injusto contra um
irmão do caminho, ou ainda poderá vir a fazer, o que nos torna acumpliciados na
necessidade de compreensão, de tolerância, de perdão, tentando fazer com que os
sentimentos que nos guiem nestes difíceis momentos em que nos vemos
prejudicados, ou que vejamos situações onde o mal de alguma forma prevaleça e
se estenda, não sejam os de ódio, de revanchismo, de vingança,
para que não venhamos a nos igualar na inferioridade do agressor, para que
mantenhamos a paz de espírito, fazendo prevalecer o bom senso, buscando sempre
soluções, agindo em prol da recuperação e do soerguimento das vítimas e dos culpados,
e não simplesmente nos preocupando com punições, com flagelos, com atos que
venham agravar ainda mais a negatividade atmosférica do nosso planeta.
É
evidente que não devemos de forma alguma nos acumpliciar, compactuar ou buscar
justificativas para o mal, para o crime, ainda mais em situações que vemos a
agressividade dos criminosos, fugir totalmente de qualquer noção de civilidade.
Temos e precisamos, do justo direito a indignação, a não concordância, agindo
de todas as formas possíveis, diretas ou indiretas, para evitar o mal, porém,
nossa reação precisa se basear no mais puro sentimento cristão, não podemos em
nenhum momento nos equiparar à negatividade de intenções que motivou o crime,
buscando de alguma forma efetiva minimizar os efeitos do ato frente às
vítimas, e a reeducação dos culpados, tratando-os com a mesma tolerância com
que gostaríamos de ser tratados frente aos nossos erros, que já cometemos ou
que viermos a cometer, porque não sabemos, de fato, como reagiríamos frente as
situações que motivaram aos nossos companheiros de jornada se desviarem do caminho
do bem.
Não
combateremos o mal com mais mal, não extinguiremos o ódio com mais ódio, apenas
na transformação de sentimentos, aos poucos, gradativamente, mas de forma
evolucional, iremos fazer com que a nossa sociedade se torne mais justa e
segura, em uma divisão melhor de renda, de direitos, de oportunidades, onde o
mais forte venha não oprimir, mas sim, auxiliar ao mais fraco, para que ele de
alguma forma também se veja capacitado a crescer e melhorar como
individualidade.
Para
vivermos, como muitos o desejam, em uma sociedade onde o mérito pessoal seja o
único parâmetro para definir posições, precisamos dar o direito igual de todos
terem o acesso ao básico, ao mínimo das condições exigidas para as conquistas a
que todos almejam, caso contrário, continuaremos vivendo uma sequência onde, os
opressores e seus descendentes, continuarão a oprimir aos oprimidos e sua
prole, fato que acaba por gerar, em muitos, a revolta, o ódio, quando passam a querer
tomar pela força aquilo que julgam ser seu também de direito, gerando mais violência,
mais divisão, mais medo, em um problema de difícil solução, por sua indevida
continuidade.
Há
sim, muitos que conseguem superar suas dificuldades e vencer, conquistando um
novo patamar social, porém poucos são os que conseguem manter a disciplina e a
determinação necessária para tal, ainda mais que paralelamente precisam se
dedicar a satisfação de suas necessidades imediatas, assim como dos entes queridos
que estão sob sua responsabilidade.
Desvios
de personalidade todos nós os temos, independente de classe social, há pessoas
honestas entre ricos e pobres, há mal intencionados na opulência ou na miséria,
o que precisamos, como sociedade, como coletividade, para que venhamos a tornar
o nosso planeta um mundo mais justo, é revermos os conceitos e os valores que devem
nortear nosso íntimo, tornando como prioridade não as conquistas materiais, mas
as da nossa personalidade, onde a fraternidade, o bem, a caridade,
a amizade, a lealdade, e o amor sejam tônica constante em nossas escolhas, nas
nossas ações, na nossa postura.
Precisamos
compreender que cada um de nós enfrenta uma situação única, gerada
provavelmente nas consequências de nossas ações pretéritas, desta ou de outras
existências, precisando assim, não se conformar, mas compreender que as
dificuldades existentes são para ser enfrentadas com dignidade e submissão,
tudo fazendo para melhorar, não apenas em relação a extinção do
problema, mas no fortalecimento da coragem em enfrenta-lo, em suporta-lo, e
logo que possível supera-lo.
Aprendendo
a perdoar e relevar, a compreender e aceitar nossos irmãos do caminho como são,
estaremos mais prontamente capacitados para, de fato, auxiliar para que a nossa
sociedade evolua, cresça, buscando em conjunto soluções para que todos venham
de alguma forma a ser beneficiados, para que tenham amplas possibilidades de remissão,
de renovação, de recomeço, algo afinal que todos, sem exceção, precisamos, já
que, repetindo, como Jesus tão bem colocou, não há ninguém entre nós que esteja
em ampla e total condição de atirar a primeira pedra, e na verdade, nem mesmo a
última.
O
melhor é que, não podendo atirar, também não corremos o risco de vir a ser
atingidos, perdoando e sendo perdoados, auxiliando e sendo auxiliados, como deve
ser em um mundo onde todos devem, de fato, aprender a se chamar, entre si, de
irmãos.
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