quarta-feira, 2 de março de 2016

Caminhemos então...










Jesus nos ensinou que devemos perdoar não apenas sete vezes, como foi sugerido por seu apóstolo, mas, setenta vezes sete, porém, como Ele também nos trouxe, para alcançarmos o Reino de Deus, ou seja, para atingirmos o ideal cristão, a transformação não mais sujeita à quedas, tão comuns em nosso atual estágio evolutivo, o principal caminho se resume a amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos!


Assim, uma necessidade evolutiva está intimamente ligada e interdependente à outra, quem não ama, não tem condições espirituais e intelectuais, para compreender, na essência, o que é o perdão, o que é desculpar e relevar uma ofensa, uma traição, uma agressão, não consegue viver sem alimentar mágoas, sem esquecer decepções. Quem não conhece o amor não tem condições de compreender, aceitar e respeitar as diferenças intelectuais e morais, os diferentes degraus que cada um já conseguiu galgar, independente de estar no plano físico ou no espiritual.


Quem ama respeita, consequentemente, se além de nossos entes queridos, também amarmos o lugar que vivemos, a natureza, os animais, as pessoas, também respeitaremos a tudo e a todos, aprendendo a compreender suas necessidades, suas limitações, suas prioridades, suas dificuldades, até mesmo suas deficiências e inferioridades, ainda mais porque, se humildes somos, também somos reconhecedores do quanto ainda nos falta para nos isentarmos de erros, de quedas, de crimes, fazendo com que o objetivo principal passe a ser o bem e o melhoramento coletivo, e não mais apenas a satisfação dos gozos pessoais.


Em contrapartida, aquele que não perdoa, que não é tolerante, aquele que busca na vingança, a justiça de forma deturpada e egoísta, distante até mesmo da falível justiça humana, e consequentemente, ainda mais da perfectível justiça divina, cria para si uma atmosfera onde o ódio, a revolta, a violência, e a natural frustação e insatisfação de não encontrar a paz, passam a domina-lo e conturba-lo, fazendo com que perca o equilíbrio, que tenha obscurecido o seu poder de discernimento, confundindo sua atual posição de vítima à de agressor que passa a ser, angariando para si apenas a negatividade que o mal proporciona, acumpliciando-se com forças que fatalmente o dominarão e o afastarão de qualquer imediata chance de recuperação e de pacificação íntima, impedindo-o assim de dar continuidade imediata a sua existência, e consequentemente, a sua senda evolutiva.


Quem hoje se sente injustiçado, agredido, traído, violentado, magoado por alguma situação, por um irmão do caminho, por um ente até então querido, e já conhece, de alguma forma, os conceitos doutrinários do Espiritismo, no que tange a reencarnação, a lei da causa e efeito, sabe que pode estar vivendo uma reação, uma consequência natural do que tenha feito ou gerado em outra existência, onde por sua vez assumiu o papel de agressor, e talvez, até mesmo contra as mesmas pessoas que agora o prejudicam, e possivelmente em um grau de intensidade maior ao que hoje está sendo atingido.


A única maneira de por fim a está sucessão de equívocos entre pretensas vítimas e algozes, está exatamente no amor, no perdão, único meio de romper as correntes que nos ligam ao passado culposo, as nossas antigas vítimas, aos nossos antigos ou atuais agressores, fazendo com que faça valer o ditado popular onde quando um não quer dois não brigam, quando um dos envolvidos reconhece suas imperfeições, reconhece sua incapacidade de julgar ao próximo, se baseando no ensinamento do Mestre em que apenas quem estiver sem pecado tem o direito de apedrejar o agressor, e quem o está?


Sejamos nós a dar o primeiro passo, porque exatamente esta é a principal questão, somos os únicos responsáveis pelo nosso destino, quem nos auxilia ou nos prejudica são apenas as ferramentas que a vida coloca para moldar nossa personalidade, da mesma forma que as nossas ações também auxiliam a moldar a personalidade do próximo.


São as nossas reações, a nossa forma de agir, de pensar e de sentir, frente aos embates da vida, sejam as alegrias ou as tristezas, ao que ganharmos ou perdermos, as nossas vitórias ou derrotas, que irão formar a nossa personalidade, e nos direcionar para as situações futuras que iremos enfrentar, boas ou ruins, mas sempre de acordo com as nossas necessidades e prioridades cármicas, sempre consequências naturais de nossas escolhas, a colheita exata daquilo que plantarmos.


Não somos juízes, não somos réus, precisamos apenas amar, e assumir nossas responsabilidades individuais e com o todo onde estamos inseridos, seguindo, na medida de nossas forças, aos passos e aos exemplos do Nosso Mestre Jesus, sabedores que o nosso fardo está de acordo com nossas forças, e que só exigirá a coragem e a determinação de assumi-lo e transforma-lo, até que seja tão leve como a imensurável paz que só o bem transmite e proporciona.



Caminhemos então... 

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