quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Fica aí o desafio para todos nós, que vençamos!


Vítimas e algozes, perseguidores e perseguidos, agressores e agredidos, traidores e traídos, quando intimamente ligados por sentimentos, juntos já caminham a várias existências e experiências, assim como nós com nossos desafetos, com aqueles que mais temos dificuldades de convívio, ou que nos rondam, estando agora na espiritualidade, incapazes ainda de nos perdoar, como nós também ainda não os aceitamos, deixando sempre um rastro de negatividade, de aversão, de incompatibilidade de gênios, a cada interação, a cada aproximação mais íntima, aproximação esta que muitas vezes consideramos que a vida insiste em nos imputar, por mais que não a desejemos, nos forçando a convivência e ao compartilhamento de sentimentos e situações.



Ainda agora, nós, como espíritas, como cristãos, sentimos intensa dificuldade, criando inúmeros obstáculos, para aceitar passivamente e de forma pacífica, o convívio com aqueles que intimamente sentimos aversão, e que fazem parte de nossa existência nesta experiência física, na posição de parentes, de companheiros de trabalho, de vizinhos, de companheiros e companheiras de nossos filhos e filhas, de nossos irmãos, daqueles que somos obrigados por circunstâncias sociais e afetivas a conviver.



Nos referimos anteriormente especificamente aos espíritas, porque estes, se estudiosos e cônscios dos preceitos que formam o corpo da Doutrina que dizem ser seguidores, devem ter plena consciência que, pela lei da reencarnação e a consequente e benéfica necessidade de reparação de erros antigos, de ressarcimento de dívidas, de reajustes íntimos, normal se faz que na nova vida carnal venham a se aproximar de irmãos do caminho com quem já tenham tido, em experiências pretéritas, situações negativas e de caráter inferior, antigos desafetos, adversários, onde a mágoa, o rancor, a decepção, independente de quem tenha sido o causador, ainda se encontram vivos no íntimo de todos, sendo, por isso, inclusive, o objetivo maior do reencontro, exatamente, para aparar as arestas, curar as chagas, balsamizar as feridas, aprendendo a conviverem de forma pacífica e salutar, ainda que esta conquista tenha que vir de forma gradativa e morosa, dado as circunstâncias, onde o esquecimento temporário põe em evidência apenas os sentimentos mais íntimos que ainda não conseguimos plenamente controlar e transformar, ligados a inferioridade humana, como o orgulho e o egoísmo.



Independente se há ou não vínculo pretérito, pois em muitas vezes a aversão natural que sentimos por alguém venha apenas da incompatibilidade fluídica, da diferença de gostos, de desejo, de postura, de preferências, se desejamos, de fato, renovar o nosso íntimo, e passar a agir e reagir, em qualquer circunstância, de forma cristã, precisamos aprender a buscar dentro de nós a compreensão, a tolerância, e, principalmente, o respeito, passando a aceitar ao próximo como ele é, como ele pensa, como ele age, ainda que vá contra a nossa forma de ver a vida, ainda mais se este for do nosso convívio íntimo, que faça parte do nosso círculo familiar, social, profissional, ou que tenhamos que conviver diariamente com ele ainda que de forma superficial.



Evidente que não poderemos ter o mesmo grau de afeto por aqueles com quem não nos afinamos do que temos com nossos entes queridos e amigos, porém, disciplinando nosso proceder, poderemos aprender a não termos nenhum tipo de prevenção, de preconceito, de prejulgamento com aquele que não nos agrada, buscando encontrar seu lado positivo, aquilo que de bom ele traz e que poderemos agregar a nossa personalidade, pois, todos nós temos nossos defeitos e qualidades, nossas inferioridades e nossa positividade, o que nos torna únicos na coletividade, mas ao mesmo tempo, solidários nas situações vividas, nas experiências adquiridas, e no aprendizado coletivo.



Por isso se faz mister, como em qualquer situação que possamos vir a enfrentar em nossa existência, a preeminente necessidade de assimilarmos e vivenciarmos os ensinamentos e exemplos do Cristo, onde o perdão, a caridade, a compreensão, a humildade, a simplicidade, a paz e o amor estejam sempre em evidência, onde Ele manda-nos equiparar a distribuição dos sentimentos mais nobres que temos que desenvolver para todos, utilizando e generalizando a figura do "próximo", sem exceções, sem privilégios, sem fatores condicionantes ou limitantes, não nos permitindo assumir posição de juiz ou de réu, nos igualando em necessidades, principalmente ao sugerir que atirasse a primeira pedra apenas aquele que estivesse sem pecado, e não o há.



Não é fácil perdoar ou conviver com que nos afinamos, ainda mais se este também não gosta de nós, porém, o atual estágio de nosso planeta não permite que as coisas sejam de outra forma, e se há situações que se tornam inadiáveis, que busquemos as enfrentar sempre com otimismo e fé, com alegria e determinação, pois se há a possibilidade de conflito, não sejamos nós a origem, pelo contrário, tudo façamos para que este não venha a ocorrer, buscando nos colocar no lugar de nosso irmão, tentando enxergar a situação como ele vê, dentro das condições de sua existência, para que assim, quem sabe, venhamos a enxergar os fatos sobre outro prisma, até mesmo vindo a compreender melhor a forma dele agir.



Aquele que busca o bem, que se determina a seguir os preceitos cristãos, se fortalece contra os ataques do mal, e o melhor, evita que venha a ser o instrumento das forças negativas, não sendo ele o agente causador da mágoa, da traição, da agressão, se resguardando dentro da fraternidade e da caridade, tendo como suporte, se assim agir e persistir, as forças espirituais do bem, seus protetores e mentores espirituais, sentindo-se cada vez mais capaz para não se deixar envolver por nenhum tipo de negatividade, vindo a conviver de forma pacífica até mesmo com aqueles que ainda não tenha a harmonia espiritual necessária e ideal.



Existirá situações que a agressividade daquele que nos considera seu desafeto poderá superar toda e qualquer noção de respeito e civilidade, aja ele abertamente ou por meios escusos, o que nos forçará, em defesa a nossa integridade e nosso objetivo de vida, a nos afastar e nos precaver de todas as formas possíveis de sua negativa influência, porém, o que mais se levará em conta, em relação a nossa proposta de renovação no bem, é a forma como reagiremos, se proporcional e equitativa ao que ele tenta nos impor, com o mesmo sentimento inferior, ou, se de forma equilibrada e pacífica, nos preocupando apenas em nos defender e o afastar, sem devolver o mal com o mal, sem desejar que ele venha a sofrer com suas inconsequências, mas sim, torcendo que ele o mais prontamente possível desperte para suas necessidades cristãs, íntimas, o perdoando, lhe mandando pensamentos de paz e amor, e quando possível, tudo fazendo para algo auxilia-lo para sua própria transformação para o bem, único caminho que nos levará a verdadeira felicidade.



Reconcilia-te com teu inimigo enquanto estiver no caminho com ele.




Fica aí o desafio para todos nós, que vençamos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário