sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Não há privilégios na sucessão de vidas...




Buscamos inúmeras justificativas e atenuantes para adiarmos, para não assumirmos o compromisso perante a nossa própria consciência, perante aos nossos benfeitores espirituais e a Jesus, de nos dedicarmos, estudarmos, trabalharmos, buscando a renovação das nossas atitudes, da nossa postura de acordo com aqueles que buscam a Verdade, que assimilam os seus sentimentos baseados nos conceitos divinos do bem.



Por vezes nos deixamos levar pela revolta, nos considerando injustiçados, prejudicados, esquecidos pela providência Divina, não nos conformando, dentro de nossa egolatria e do nosso orgulho desmedido, por não termos as oportunidades, as condições materiais, as condições de estudar, a saúde corporal perfeita, as facilidades e as regalias que vemos outros irmãos do caminho ostentar, desfrutar, julgando-nos vítimas, nos deixando enredar pela inveja, culpando as circunstâncias da vida pelo nosso afastamento da doutrina do Mestre Jesus, pela pobreza que atravessamos, pelo eventual desemprego, pela falta de conforto, atrelando a essa culpa, inclusive, às pessoas que nos rodeiam, ao ambiente onde crescemos, a tudo e a todos pela nossa pretensa derrota, buscando justificar para nós mesmos, aos nossos desatinos, ao nosso desequilíbrio, nossos medos, nossa revolta, nossos crimes.



Em outras situações, opostas, as facilidades que temos desde o berço, o conforto, as regalias, os mimos, a possibilidade de satisfazer os mínimos desejos, o luxo, a saúde física perfeita, a beleza, as conquistas materiais, faz com que nos tornemos indolentes, acomodados, preguiçosos, prepotentes, fúteis, onde a falta de dificuldades, de desafios, acabam por nos tornar frios, indiferentes, não despertando em nós o desejo pelas conquistas espirituais, quando culpamos também as pessoas e o ambiente onde fomos criados pelo fato de não buscarmos a luz, os ensinamentos divinos, presos que estamos nestas situações que geram uma vida ociosa e sem objetivos maiores.



Existem outras situações nas quais procuramos justificativas para nossas fraquezas morais na precariedade da educação que recebemos, mais diretamente nas pessoas e no ambiente onde fomos criados, com quem convivemos desde a infância, onde o desequilíbrio, a satisfação de desejos inferiores, os vícios, as paixões degradantes, a energia sexual desvirtuada dos seus objetivos sublimes, imperavam, fazendo com que nossas imperfeições naturais tenham sido assim potencializadas, quando nos faltou parâmetros para que tivéssemos procurado no bem, na paz, no estudo, no trabalho, nossa renovação espiritual.



Outros diversos fatores nós, espíritos ainda frágeis e endividados, também utilizamos para justificar nossa falência ou a nossa extrema dificuldade de nos disciplinarmos para a luta intensa, mas necessária, para nossa transformação espiritual, procurando assim dividir a responsabilidade por nossos fracassos, pela nossa fuga ou adiamento das ações necessárias para nossa melhoria íntima, dentre eles o medo, a decepção, a solidão, o desprezo oriundo das pessoas de quem mais depositávamos esperança, situações normais a que todos estamos sujeitos na vida, geralmente geradas em sua origem, por nossa própria ação, por nossa própria incapacidade de basearmos nossas escolhas e ações nas forças positivas do bem, fatos rotineiros em uma existência física no atual estágio evolutivo do planeta, e que podem atingir tanto ao rico como ao pobre, tanto ao forte como ao fraco, sem distinção, sem privilégios.



A morte de um ente querido, a traição de um cônjuge ou de um amigo, a falência profissional, a queda na posição social, a decepção religiosa com o não cumprimento das promessas ou das expectativas geradas por ensinamentos indevidos, um acidente que pode levar a deficiência física, a limitação de atuação, ou a perda da beleza, da capacidade de continuar realizando o que mais lhe dá satisfação, como o atleta que não pode mais correr, o cantor que perde a voz, o artista que perde a visão, são também algumas, entre tantas, situações aparentemente trágicas a que todos nós estamos sujeitos.
Inúmeras passagens naturais que a vida nos põe a prova, para que possamos mostrar a nós mesmos e aos nossos benfeitores espirituais, o quanto estamos fortes, o quanto estamos alicerçados na fé, o quanto estamos preparados para suportar e superar qualquer dificuldade, qualquer desafio que surja em nosso caminho, isso tendo em vista sempre a máxima cristã que deixa claro quanto a nossa capacidade realizadora, quando nos diz que o fardo nunca será superior as nossas forças, ou seja, em qualquer situação adversa que tenhamos que vir a enfrentar, até mesmo aquelas que geramos diretamente para nós, iremos ter, sempre, plena capacidade de, com esforço, boa vontade, humildade, disciplina e fé, vir a superar e vencer.



A melhor forma de conquistarmos a esta vitória sobre nossas adversidades é viver de acordo com os ensinamentos cristãos, alicerçados nos preceitos espíritas, onde compreendemos que na lei da causa e efeito, das vidas sucessivas, nunca haverá um efeito negativo que estejamos enfrentando que não tenha tido uma causa originária em nossas indevidas atitudes.



Aquele que compreende que a vida é uma passagem, uma etapa de uma contínua e eterna existência espiritual, saberá aproveitar cada dificuldade, cada perda, cada luta, cada influência que receber, seja negativa ou positiva, em sua interação com o próximo, seja ele encarnado ou desencarnado, de forma equilibrada e otimista, disciplinando-se a retirar de cada momento de sua existência carnal um aprendizado, uma nova experiência que irá reforçar e enriquecer o cabedal que já traz em seu íntimo, tudo fazendo para agregar o que de melhor pode captar para si, descartando aquilo que em nada acrescentará a seus objetivos maiores evolutivos.



Para isso, o essencial para garantir este equilíbrio, a felicidade que se pode alcançar em nosso atual estágio espiritual, sem abrir mão do que a vida física oferece, em relação a oportunidades de realizações pessoais, profissionais, na constituição de um lar, de uma família, do conforto, do bom emprego, do lazer, imprescindível se faz determinar que todas as nossas ações e escolhas se baseiem em nossa transformação espiritual para o bem.



Não podemos abrir mão de lutar contra nossos instintos inferiores, nossos sentimentos negativos, estudando e assimilando os conceitos cristãos de amor e paz, de entendimento e perdão, para com todos com quem convivermos, lutando contra a vaidade, o egoísmo, o orgulho, aprendendo a valorizar a amizade, o respeito, a simplicidade, o amor, aprendendo a respeitar as diferenças, sejam elas religiosas, políticas, desportivas, sociais.



Para aquele que escolheu para si a Doutrina Espírita como parâmetro de sua existência, maior ainda a responsabilidade em não adiar ainda mais sua transformação espiritual, pois, quanto maior o conhecimento adquirido das razões do sofrimento humano, maior a responsabilidade pelos erros, pela fuga das responsabilidades assumidas, pelo atraso em assumir de vez a postura e as atitudes que o levarão a conquistar sobre si mesmo a vitória sobre a inferioridade alimentada por séculos de desvios e deserções do bem.




Não há privilégios na sucessão de vidas, na lei da reencarnação, sabemos que se hoje somos pobres, ontem fomos ricos, se hoje somos saudáveis, ontem fomos doentes. Todos, sem exceção, independente da situação atual que estiver enfrentando no plano físico ou espiritual, seja nas paragens de luz ou sobre um leito de dor e sofrimento, poderá, dentro de suas possibilidades, de suas forças, de sua fé, ser feliz, porque terá sempre ao seu lado, se viver no bem, Aquele que nos ama incondicionalmente, e nos espera pacientemente que retornemos vitoriosos ao aprisco divino, dando prosseguimento em nossa jornada evolutiva no bem, o Nosso Amado Mestre Jesus.      

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