Ao nos referirmos aos nossos irmãos do caminho que
vivem na espiritualidade inferior, precisamos ter a consciência que ser inferior
não significa ser mau ou desejar fazer o mal, ser inferior é estar distante das
verdades divinas, distante do conhecimento ou do entendimento da necessidade de
elevação, de renovação para o bem, para os sentimentos nobres, para o amor cristão.
Muitos que estão na espiritualidade
presos as suas tendências, aos seus vícios, as suas paixões desregradas, aos
seus sentimentos inferiores, ao seu negativismo, quando buscam o plano físico,
não o fazem para prejudicar a alguém ou alicia-lo ao erro, apesar de muitos
assim agirem, mas unicamente para continuarem a alimentar e satisfazer seus
desejos, procurando para isso aqueles que com eles sintonizem, se afinem, compactuem,
ou seja, não buscam vítimas, e sim, cúmplices, companheiros, associados,
aqueles que se comprazem ou que já se predisponham a, da mesma forma que eles,
se enveredar pelos caminhos escusos da inferioridade humana.
Muitos de nós, apesar de uma
aparência digna, honesta, como pais de família, como membros da sociedade, como
religiosos, como espíritas, como cristãos, guardamos e alimentamos dentro de
nós sentimentos e pensamentos nefastos, indignos de um homem de bem, que fazem
com que, não fisicamente, mas espiritualmente, nos aproximemos de entidades que
pensam e sentem os mesmos desvios que nós, atendendo ao nosso chamado,
aventando a possibilidade de terem encontrado um possível parceiro para seus
erros, suas paixões, passando a se alimentarem das formas pensamentos que
criamos, das energias nocivas em que nos envolvemos, fazendo com que nos
entreguemos cada vez mais aos nossos desvarios, potencializando nossa vontade,
aproximando cada vez mais a nossa fantasia da realidade.
Assim, por exemplo, se na nossa intimidade,
nos entregamos a pensamentos e sentimentos que supervalorizem o sexo, a sensualidade,
passamos a nos imaginar em diferentes situações fora da nossa realidade atual,
fazendo com que, incentivados por entidades espirituais afins, nos aproximemos
cada vez mais da consumação de atos relacionados aos nossos devaneios,
materializando ações, vindo a nos afastar da retidão do proceder, da
honestidade, da sinceridade com aqueles a quem amamos e estamos vinculados, nos
perdendo nos labirintos do erro, e isso, sutilmente influenciados por quem equivocadamente
atraímos, gerando, inclusive, inúmeras justificativas e desculpas que corroborem
e nos incentivem a afundar cada vez mais no mal que geramos para nós mesmos com
a nossa imprevidência.
Da mesma forma aquele que se entrega
a tristeza, ao desânimo, ao medo, a dúvida, ao alimentar seus anseios, seus
pensamentos, estará atraindo para si entidades espirituais que se comprazam e
se alimentem psiquicamente destes sentimentos, muitos ao serem atraídos, não
sentem nenhum rancor ou querem, de fato, prejudicar aquele que os chamou, simplesmente
se identificam, se solidarizam, e pensam estar até mesmo ajudando e consolando
aqueles que, infelizmente, estão prejudicando ainda mais com a manutenção de
seu desequilíbrio, de sua instabilidade interior.
Assim, no plano espiritual, teremos
sempre aqueles que se afinam e se sintonizam com nossa forma de agir e de
pensar, independente daqueles que por algum motivo específico busquem a nossa
presença, como amigos ou desafetos, para ajudar ou prejudicar, aqueles outros que
são, mesmo sem nos conhecer, atraídos, chamados por nós, de acordo com nossos objetivos,
nossas crenças, nossos desejos. Somos, então, responsáveis na escolha do tipo
de companhia que desejamos, sempre de acordo com aquilo que geramos ao nosso
redor, que criamos em nossa aura espiritual.
Para nos mantermos sintonizados com o
bem, com aqueles que, de fato, possam nos auxiliar e vir a agregar positividade,
nos fortalecendo em nossa transformação espiritual em nossa atividade diária,
nos orientando, nos protegendo, precisamos, de acordo com o ensinamento
evangélico, orar e vigiar, nos policiando, nos monitorando, não só ao que
falamos, ao que fazemos, mas, principalmente, ao que pensamos, ao que sentimos,
ao que alimentamos em nosso íntimo.
Aquele que busca sua renovação, que
ensaia os primeiros passos no caminho do bem, precisa estar consciente das
dificuldades iniciais que irá enfrentar. O mal, o inferior, o negativo, não
aguardará que estejamos preparados, prontos, fortes para nos defendermos, o mal
não irá esperar que estudemos, que nos capacitemos. Nossos cúmplices, nossos
associados, aqueles que estão acostumados a nos utilizar de instrumento para
seus desvarios, para suas enfermidades, ao primeiro sinal de intenção de
deixarmos os vícios, as paixões, os erros que alimentamos por muito tempo,
tentarão nos impedir, ainda mais os que, conscientes, sabem que estão em erro, como
se a nossa vitória fosse para eles uma derrota, a nossa alegria, sua tristeza, que
por não terem, por si, a coragem ou vontade de crescer, de vencer, também não
querem que ninguém tenha, ficando felizes por nos verem infelizes, agindo
assim, por ignorância, por falta de conhecimento, por maldade ou por diversos
outros motivos a buscarem não permitir que o bem cresça, avance, tudo fazendo
para atrapalhar aqueles que não pensam como eles.
A vitória é árdua, mas é possível,
quando nos entregamos ao desejo sincero de melhorar, mesmo com todos os
empecilhos gerados por aqueles que não desejam nossa transformação, somos
capazes de avançar, e mais, muitas vezes vindo a servir de exemplo para aqueles
que, surpreendidos por nossa persistência e coragem, também se motivam a buscar
por sua vez sua própria renovação, passando de adversários à aliados, redirecionando
sua cumplicidade para os sentimentos de amor e paz que os conceitos cristãos ensinam,
preceituam. Só a força de vontade, a fé, a esperança, a determinação, o real
desejo de vencer, de progredir, de melhorar, aliado ao estudo, ao trabalho, a mudança
de postura fará com que resistamos aos ataques do inferior, buscando o superior,
auxiliando-nos a encontrar definitivamente a verdadeira e real felicidade, o
caminho do bem, o caminho que Jesus nos mostrou até ao Nosso Pai Celestial.
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