Desperdiçamos,
devido ao estágio evolutivo que nos encontramos atualmente, ainda próximo a
inferioridade, e engatinhando nos primeiros passos na senda do bem, uma enorme
quantidade de tempo, e um relativo potencial de energia íntima, com
pensamentos, palavras e atitudes, que nada acrescentam ao nosso desenvolvimento
espiritual, por vezes em situações que em nada interferem diretamente em nossa
existência, como as discussões estéreis e fúteis, sobre esporte, religião, política,
fatos sociais e corriqueiros, quando estamos apenas interessados em expor nossa
forma de pensar, atinentes ao nosso orgulho, a nossa vaidade, sem agir de forma
prática para algo contribuir de útil para que melhorem as condições de vida da
coletividade e do mundo onde vivemos.
Com
isso, não dizemos aqui que devemos nos manter totalmente alheios ou alienados quanto
ao que se passa ao nosso redor, ao que se passa em nossa sociedade, tudo faz
parte de nossa existência carnal, da nossa passagem pelo plano físico, e como
nele estamos inseridos como individualidade, temos o dever de participar e de
contribuir de alguma forma com tudo que faz parte de nosso dia a dia,
estudando, trabalhando, e nos mantendo atualizados sobre os sucessos obtidos em
questão de progresso e civilização.
Entretanto,
dispostos e conscientes de nossa responsabilidade individual e coletiva, ainda
mais que já estamos guiados pelos preceitos espíritas, pelos conceitos cristãos,
temos a necessidade básica de priorizar nossas ações de acordo com aquilo que
nos levará a crescer e nos transformar espiritualmente, focando nossa existência
na aquisição dos reais valores que a este fim nos levarão, buscando o
conhecimento, o aperfeiçoamento intelectual, os recursos que os avanços tecnológicos
e científicos podem nos oferecer, mas sempre voltados para o uso racional e
equilibrado, produtivo e evolutivo, do nosso tempo e de nossas energias,
utilizando nossa capacidade produtiva e realizadora para nos fortalecermos cada
vez mais no decorrer de nossas atribuições diárias.
A
sociedade como um todo, como sempre o fez, gera inúmeras necessidades e
prioridades que visam basicamente o interesse de grupos dominantes, que
controlam e direcionam de forma sutil, gostos e tendências, fazendo com que a
maioria busque a felicidade, o sucesso, de acordo com os parâmetros que lhes são
sugeridos, para não dizer, impostos, com até relativa facilidade, porque vêm
acompanhados, com a distorcida sensação de felicidade, atrelada ao prazer
inferior, as conquistas meramente materiais, as paixões, aos vícios, onde o
ficar de fora acaba por nos dar uma sensação de fracasso, de exclusão, como
fosse essa a única forma de se encontrar a paz, de ser feliz.
Precisamos
estar inseridos em nossa sociedade, mas cientes e conscientes do que desejamos
para nós, que priorizamos para nós, buscando o que, de fato, nos trará paz, nos
levará ao equilíbrio, a felicidade, procurando, se assim o desejarmos, outras
opções de vida, outras formas de dispendermos nosso tempo, que não sejam
ditadas por terceiros.
A
felicidade de cada um está naquilo que o atrai, que o encanta, que o faz se
tornar uma pessoa realizada, que lhe dá o prazer sadio e natural, e não o fabricado
e doentio.
Vários
irmãos sentem extremo prazer com a leitura, com ambientes onde reine a paz,
onde tenha espaço para reflexão.
Vários
irmãos encontram a paz e a alegria trabalhando horas a fio a favor do próximo, em
instituições beneficentes, em ações junto a pessoas carentes, aos animais ou a natureza.
Vários
irmãos encontram a plena satisfação pessoal no sacrifício do estudo, presos em
laboratórios, buscando a cura de doenças, a forma de combater o mal, em aperfeiçoar
descobertas que venham beneficiar a humanidade.
Vários
irmãos se dedicam a uma frente religiosa de forma honesta, pura, buscando levar
o equilíbrio espiritual, a paz, a fé, a esperança, dispondo do seu tempo, e sua
energia apenas para levar aquilo no que acredita e lhe faz bem, para aqueles
que doentes do corpo e da alma, também possam vir a desfrutar da paz e do equilíbrio
que ele encontrou.
Vários
irmãos são felizes com um emprego simples, com uma vida humildade e honesta
junto às pessoas que ama e que lhe preenchem o coração de alegria.
Vários
irmãos são felizes buscando estudar cada vez mais, aperfeiçoando seu conhecimento,
aumentando seu poder aquisitivo, na conquista de conforto, de bens materiais,
de crescimento profissional.
Vários
irmãos são felizes ao realizar seus sonhos e seus ideais, políticos, desportivos,
sociais.
E
vários irmãos, infelizmente, se julgam felizes ao lesar, roubar, manipular,
prejudicar, trair, humilhar, alimentando preconceitos, seja agindo dentro dos
princípios das leis humanas ou contrários a ela.
Cada
um escolhe o seu caminho, cada um define suas prioridades, indiscutível, porém,
que somos eternos, que as consequências de nossas decisões e de nossos atos serão
sempre reais, e com elas, consequentemente, teremos que mais cedo ou mais tarde
lidar, o que torna de forma inquestionável, que cada ato que levamos a efeito hoje,
será o responsável direto pela alegria ou pelo sofrimento que teremos que
enfrentar amanhã.
A
Doutrina Espírita veio trazer o complemento das lições e dos exemplos do
Cristo, veio abrir as portas do entendimento do Reino dos Céus que o Mestre
prometeu a todos aqueles que carregassem sua própria cruz de esforços e de
lutas e o seguissem, nos mostrando a verdadeira vida em sua plenitude, a
espiritual, ampliando nossa visão sobre as infinitas possibilidades de estudo,
de trabalho, de aquisições, de realizações que nos estão reservadas caso
venhamos a encontrar o equilíbrio espiritual necessário para desfruta-las, para
que delas tenhamos acesso, o que nos faz relevar a importância de amontoar os
verdadeiros tesouros que a vida encarnada nos disponibiliza conquistar.
O
desenvolvimento dos nobres sentimentos que todos trazemos em estado latente em
nosso ser espiritual desde nossa criação, a transformação íntima para que venhamos
a valoriza-los, compreende-los, e assimila-los, deve ser a prioridade principal
em nossa vida no plano físico, estudando, trabalhando, nos mantendo
atualizados, mas não nos deixando dominar pela futilidade e pela ambição
desmedida, sendo honestos e bons, não mais valorizando a “Cesar”, ao bezerro de
ouro, aos sentimentos doentios gerados pelo preconceito, pelo egoísmo, pela
vaidade, pela prepotência, pelo orgulho, pela cobiça e pela cupidez.
Lições
e normas de sucesso, de felicidade, já foram ministradas pelos fariseus, pelos
romanos, pelos nazistas, pelos comunistas, pelos capitalistas, todas elas
baseadas nas conquistas unicamente abalizadas na riqueza material, na posição
social, no poder temporal, nos parâmetros de beleza física, de prazeres carnais,
de fama, entre tantas outras efêmeras e finitas formas de gozo e prazer.
Cabe
a cada um decidir, como sempre o foi, a quem quer seguir, a quem quer caminhar
ao lado, a quem escolhe como guia e orientador, amigo, associado e cúmplice de
seus pensamentos, de suas palavras, de suas ações, de seus mais secretos
sentimentos, se a “Cesar”, e a tudo que ele representa, ou se a Jesus, a tudo
que Ele é de fato, como mais alto Emissário Divino que já esteve entre nós, e
sempre estará.
A
cada um segundo suas obras, a cada um segundo suas escolhas, hoje e sempre.
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