sexta-feira, 21 de agosto de 2015

É natural do ser humano buscar e valorizar o belo...




Entre tantos, a beleza física é um dos maiores desafios pelo qual temos que passar quando encarnados, quando nos encontramos ainda neste estágio evolutivo no qual nos deixamos arrastar por sentimentos negativos e paixões inferiores, pois ao possuí-la, e não detentor da sublimidade íntima, do equilíbrio, a tendência é que nos deixemos dominar pela vaidade, pelo orgulho, pela pretensão de sermos superiores de alguma forma ao próximo, tendo em contrapartida, ao não nos considerarmos belos, a probabilidade de nos entregarmos a inveja, ao ciúme, ao despeito, a revolta, entre outras tantas formas de alimentar nossa inferioridade e nossos desatinos.



O culto excessivo a beleza física, assim como a busca por vezes insana de possuí-la ou mantê-la, por inúmeras vezes já foi o ponto de partida para que o ser se afaste dos reais e sublimes valores da existência, baseados nos sentimentos cristãos, ainda mais porque as falsas concepções criadas e geradas pela própria sociedade que, atingindo aos espíritos mais frágeis e volúveis, acabam por impor uma ideia errônea de felicidade, de sucesso, isolando aqueles que não atinjam ou não estejam nos patamares, nos estereótipos por ela impostos.



Indevidamente tratada e valorizada, a beleza física acaba por se tornar um instrumento para inúmeras quedas, tanto para aqueles que a possuem, como para os que a cobiçam, sendo até mesmo fonte geradora de crimes, de traições, de espetaculares quedas, onde os envolvidos se veem presos em emaranhadas teias de difícil solução futura, até mesmo, por vezes, e não poucas, envolvendo outras existências espirituais e físicas.



Hoje inúmeras são as fórmulas geradas pela indústria cosmética, desportiva, e cirúrgica, que proporcionam inúmeras possibilidades para que venhamos a investir cada vez mais com probabilidade de sucesso no embelezamento de nosso vaso físico, sendo válido o natural desejo a que venhamos buscar essas facilidades e possibilidades, porque também é natural do ser humano buscar e valorizar o belo, principalmente porque este enriquece nossa autoestima, nos tornando mais dispostos a buscar e a atingir nossos objetivos e sonhos.



O que precisamos atentar, como tudo em nossa existência física e espiritual, são os excessos, e os fatores motivadores que nos levam a buscar atingir a esses objetivos, no caso a beleza física, o quanto para isso dedicamos do nosso tempo e de nossa energia, de nossas possibilidades criativas e realizadoras, em relação ao que fazemos de produtivo para nosso enriquecimento espiritual, assim como da nossa participação junto a coletividade onde vivemos, a sociedade na qual estamos inseridos.



Se motivados somos por sentimentos inferiores, como a excessiva vaidade, o orgulho desequilibrado, a inveja, a prepotência, o sensualismo, deixando com isso de ocupar nosso tempo com as realizações que nos levariam a transformação espiritual, a nossa participação efetiva junto ao contexto no qual estamos inseridos, nada mais estamos que traçando um caminho que nos levará fatalmente ao desequilíbrio e a decepção, ainda mais quando nossos objetivos se prenderem a fatores ainda mais depreciativos, como o desejo de provocar sensações físicas, em alimentar a sexualidade doentia, em utilizar-se da beleza para atingir fins que nos afastem ainda mais das possibilidades geradoras do bem.



A preocupação pela beleza física não pode ultrapassar os limites da naturalidade, não podemos vir a dispender enormes períodos de tempo e um grande cabedal de nossas energias apenas para busca-la ou aperfeiçoa-la, ainda mais quando para isso, venhamos a acarretar para nós autoflagelação, sofrimento, dor, decepção, situações depressivas, principalmente quando nos deixamos envolver de tal maneira que nada que venhamos fazer acabe sendo de nosso agrado, nos perdendo ainda mais no cipoal de nossa negatividade.



Temos o nosso livre arbítrio, temos o direito de viver de acordo como melhor nos aprouver, fazendo do nosso tempo, de nossa energia, de nossas condições financeiras ou materiais, aquilo que melhor nos aprouver, mas temos também que ter a consciência que somos responsáveis por todas as consequências que gerarmos com nossas ações e nossas escolhas, assim como também pelo tempo que desperdiçarmos ou aproveitarmos para nossa evolução, porque talvez, amanhã, com outra visão, com outras prioridades de vida, nos vejamos em dolorosas situações, não por estarmos sendo castigados ou punidos, mas simplesmente, por não mais termos a nossa disposição o tempo e as forças que tanto desejaríamos e precisaríamos para realizar nossos novos objetivos, precisando assim adiar por um período imensurável as realizações que passaram a nos motivar.



O certo, mesmo que ainda relutemos em aceitar, é que a verdadeira beleza, a verdadeira riqueza, o verdadeiro poder, está no simples, nas alegrias singelas, nos momentos que passamos e desfrutamos de paz, de concórdia, que gerem fraternidade, amor.



Quando estamos bem, quando estamos em paz íntima e espiritual, o belo se torna natural e espontâneo, não precisa ser fabricado, não precisa ser perseguido, não precisa ser ditado por terceiros ou pela sociedade onde vivemos, porque não só estaremos belos, mas, de fato, seremos belos, atraindo para nós toda a positividade, todo o amor, toda a felicidade advinda do bem, do que nos faz bem, quando a beleza íntima e a externa se unem de forma eterna e infinita, quando não mais precisaremos nos preocupar em conquista-la ou mantê-la, porque ela independerá meramente de formas.



Ao alcançar o equilíbrio interior, ao aprendermos a utilizar e valorizar tudo que nos é fornecido no plano físico e espiritual como empréstimos divinos, e nosso corpo é um desses bens, o nosso olhar só enxergará a beleza que cada ser possuí, assim como a nossa própria beleza, compreendendo a essência da Beleza Maior, a Beleza Divina.   


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