Entre tantos, a beleza física é um dos maiores
desafios pelo qual temos que passar quando encarnados, quando nos encontramos
ainda neste estágio evolutivo no qual nos deixamos arrastar por sentimentos
negativos e paixões inferiores, pois ao possuí-la, e não detentor da sublimidade
íntima, do equilíbrio, a tendência é que nos deixemos dominar pela vaidade,
pelo orgulho, pela pretensão de sermos superiores de alguma forma ao próximo,
tendo em contrapartida, ao não nos considerarmos belos, a probabilidade de nos
entregarmos a inveja, ao ciúme, ao despeito, a revolta, entre outras tantas formas
de alimentar nossa inferioridade e nossos desatinos.
O culto excessivo a beleza física,
assim como a busca por vezes insana de possuí-la ou mantê-la, por inúmeras vezes
já foi o ponto de partida para que o ser se afaste dos reais e sublimes valores
da existência, baseados nos sentimentos cristãos, ainda mais porque as falsas
concepções criadas e geradas pela própria sociedade que, atingindo aos espíritos
mais frágeis e volúveis, acabam por impor uma ideia errônea de felicidade, de
sucesso, isolando aqueles que não atinjam ou não estejam nos patamares, nos estereótipos
por ela impostos.
Indevidamente tratada e valorizada, a
beleza física acaba por se tornar um instrumento para inúmeras quedas, tanto
para aqueles que a possuem, como para os que a cobiçam, sendo até mesmo fonte
geradora de crimes, de traições, de espetaculares quedas, onde os envolvidos se
veem presos em emaranhadas teias de difícil solução futura, até mesmo, por
vezes, e não poucas, envolvendo outras existências espirituais e físicas.
Hoje inúmeras são as fórmulas geradas
pela indústria cosmética, desportiva, e cirúrgica, que proporcionam inúmeras
possibilidades para que venhamos a investir cada vez mais com probabilidade de
sucesso no embelezamento de nosso vaso físico, sendo válido o natural desejo a
que venhamos buscar essas facilidades e possibilidades, porque também é natural
do ser humano buscar e valorizar o belo, principalmente porque este enriquece
nossa autoestima, nos tornando mais dispostos a buscar e a atingir nossos objetivos
e sonhos.
O que precisamos atentar, como tudo em
nossa existência física e espiritual, são os excessos, e os fatores motivadores
que nos levam a buscar atingir a esses objetivos, no caso a beleza física, o
quanto para isso dedicamos do nosso tempo e de nossa energia, de nossas possibilidades
criativas e realizadoras, em relação ao que fazemos de produtivo para nosso
enriquecimento espiritual, assim como da nossa participação junto a coletividade
onde vivemos, a sociedade na qual estamos inseridos.
Se motivados somos por sentimentos inferiores,
como a excessiva vaidade, o orgulho desequilibrado, a inveja, a prepotência, o
sensualismo, deixando com isso de ocupar nosso tempo com as realizações que nos
levariam a transformação espiritual, a nossa participação efetiva junto ao
contexto no qual estamos inseridos, nada mais estamos que traçando um caminho
que nos levará fatalmente ao desequilíbrio e a decepção, ainda mais quando nossos
objetivos se prenderem a fatores ainda mais depreciativos, como o desejo de
provocar sensações físicas, em alimentar a sexualidade doentia, em utilizar-se
da beleza para atingir fins que nos afastem ainda mais das possibilidades
geradoras do bem.
A preocupação pela beleza física não
pode ultrapassar os limites da naturalidade, não podemos vir a dispender
enormes períodos de tempo e um grande cabedal de nossas energias apenas para
busca-la ou aperfeiçoa-la, ainda mais quando para isso, venhamos a acarretar
para nós autoflagelação, sofrimento, dor, decepção, situações depressivas,
principalmente quando nos deixamos envolver de tal maneira que nada que
venhamos fazer acabe sendo de nosso agrado, nos perdendo ainda mais no cipoal
de nossa negatividade.
Temos o nosso livre arbítrio, temos o
direito de viver de acordo como melhor nos aprouver, fazendo do nosso tempo, de
nossa energia, de nossas condições financeiras ou materiais, aquilo que melhor
nos aprouver, mas temos também que ter a consciência que somos responsáveis por
todas as consequências que gerarmos com nossas ações e nossas escolhas, assim
como também pelo tempo que desperdiçarmos ou aproveitarmos para nossa evolução,
porque talvez, amanhã, com outra visão, com outras prioridades de vida, nos
vejamos em dolorosas situações, não por estarmos sendo castigados ou punidos,
mas simplesmente, por não mais termos a nossa disposição o tempo e as forças
que tanto desejaríamos e precisaríamos para realizar nossos novos objetivos, precisando
assim adiar por um período imensurável as realizações que passaram a nos
motivar.
O certo, mesmo que ainda relutemos em
aceitar, é que a verdadeira beleza, a verdadeira riqueza, o verdadeiro poder,
está no simples, nas alegrias singelas, nos momentos que passamos e desfrutamos
de paz, de concórdia, que gerem fraternidade, amor.
Quando estamos bem, quando estamos em
paz íntima e espiritual, o belo se torna natural e espontâneo, não precisa ser
fabricado, não precisa ser perseguido, não precisa ser ditado por terceiros ou
pela sociedade onde vivemos, porque não só estaremos belos, mas, de fato, seremos
belos, atraindo para nós toda a positividade, todo o amor, toda a felicidade
advinda do bem, do que nos faz bem, quando a beleza íntima e a externa se unem
de forma eterna e infinita, quando não mais precisaremos nos preocupar em
conquista-la ou mantê-la, porque ela independerá meramente de formas.
Ao alcançar o equilíbrio interior, ao
aprendermos a utilizar e valorizar tudo que nos é fornecido no plano físico e
espiritual como empréstimos divinos, e nosso corpo é um desses bens, o nosso
olhar só enxergará a beleza que cada ser possuí, assim como a nossa própria
beleza, compreendendo a essência da Beleza Maior, a Beleza Divina.
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