Uma das maiores dificuldades que o
homem enfrenta, dentro do estado evolutivo que se encontra atualmente em nosso
planeta, para superar seus instintos inferiores, suas paixões degradantes, seus
vícios, é um sentimento que, desvirtuado do seu objetivo divino, alimentado por
outros sentimentos mesquinhos, como o egoísmo, a cobiça, a vaidade, a intolerância,
o preconceito, o mantém afastado das possibilidades de despertar para seu objetivo
imediato e mais relevante, que é a transformação espiritual para o bem, para os
sentimentos superiores, a que todos nós somos destinados, caminho que deveremos
encontrar mais cedo ou mais tarde, dependendo sempre do que priorizarmos para nós,
de nossos desejos íntimos, de nosso esforço e de nossa vontade.
Este sentimento é o ORGULHO, que quando
nos domina, quando comanda nossos pensamentos, nossas palavras, nossas
atitudes, obscurece nossa razão, e faz com que nos prendamos a equivocadas
realidades, não enxergando a Verdade, fazendo com que acreditemos que somos
infalíveis, superiores, melhores que tudo e que todos, mais poderosos ou
importantes que os nossos irmãos do caminho, o que acaba por nos cegar, por nos
impedir de ver os reais valores positivos da vida, nos tornando frios, insensíveis,
cruéis em muitas situações, implacáveis, não assimilando o verdadeiro sentido
existencial que nos levaria a avançar, a evoluir, sentido contido na nobreza do
perdão, na humildade, na simplicidade do proceder, na caridade, e,
principalmente, no amor.
Uma das principais necessidades que
deve se fazer presente no homem de bem, é a capacidade de compreender e aceitar
as diferenças que caracterizam a cada personalidade humana, principalmente,
porque cada um de nós enfrenta e vive atualmente um diferente estágio
evolutivo, onde experiências diversas pretéritas, desta ou de outras existências,
nos distinguem, fazendo com que os avanços conquistados sejam diferenciados,
nos tornando detentores de erros e acertos diversificados, e assim nos igualando
de certa forma frente as nossas possibilidades realizadoras.
O orgulho mal compreendido e
valorizado, desta forma, faz com que não enxerguemos e respeitemos a essas
diferenças, fazendo com que invejemos aos que julgamos superiores ou melhores
aquinhoados, e que desprezemos aqueles a quem julgamos inferiores e desprovidos
de razão, o que nos faz viver em um mundo de ilusão, acreditando que o mundo
gira ao nosso redor, que as pessoas existem para satisfazer os nossos caprichos
ou cuidarem e ajudarem nos nossos sofrimentos e dificuldades, supervalorizando
tudo que se refere exclusivamente a nossa personalidade, não conseguindo
entender que aqueles com quem convivemos ou que fazem parte do nosso dia a dia,
também tem suas necessidades, suas prioridades, e que estas não são menores ou maiores
que as nossas, mas devidamente propícias e proporcionais a sua capacidade atual
de suportar e superar.
O orgulho impede que venhamos a
reconhecer nossas limitações, nossos erros, nossos desvios de personalidade,
impedindo que tenhamos a mente aberta e a humildade suficiente para aceitar nossa
necessidade de aprendizado, de renovação, de enriquecimento do nosso conhecimento,
e, principalmente, de transformação de sentimentos, aceitando que não somos
melhores ou piores que ninguém, mas que distante estamos ainda de tudo saber e
de tudo merecer, para que assim assimilemos a necessidade íntima que ainda
temos, de lutar pelo nosso aperfeiçoamento, nos dedicando e nos esforçando para
crescer a cada dia, tendo a coragem de enfrentar os reveses de frente e aproveitando
as conquistas como estímulo para novos e mais relevantes desafios.
O orgulho nos impede de enxergar as
qualidades de nossos irmãos de jornada, fazendo com que foquemos nossa atenção
apenas em seus defeitos, menosprezando seu valor, tentando de todas as formas depreciar
suas conquistas, esperando assim, de certa forma, contemporizarmos com nossas
próprias limitações, com nossa própria incapacidade de nos igualar ao alvo do
nosso ciúme, do nosso equivocado desprezo.
A humildade, em contrapartida, nos faz
ter a consciência do quanto ainda precisamos aprender, do quanto ainda nos
falta conquistar, fazendo com que tomemos os nossos irmãos como exemplos
positivos ou negativos, nos trazendo a percepção do que devemos fazer ou não
fazer para que venhamos a alcançar nossos objetivos, aproveitando sadiamente a
experiência e o exemplo do próximo, para que venhamos a desenvolver nossa própria
história, conscientes que somos e seremos sempre meros aprendizes da vida, e que
cada conquista serve, essencialmente, para que nos sintamos fortes e seguros
para empreendermos a jornada em busca de novos e maiores desafios.
O orgulho sadio é aquele que nos traz a
alegria do dever cumprido, do sonho alcançado, da satisfação de termos avançado
um passo a mais em nossos objetivos de forma honesta, de acordo com os princípios
do bem, dos exemplos e sentimentos cristãos de amor, de paz, de solidariedade,
nos incentivando a prosseguir, a levar a nossa experiência para que outros também
possam vencer, estando sempre atento nas lições que poderemos auferir com todos
os nossos irmãos de jornada, independente de sua classe social, de seu atual
grau de intelectualidade, sabedores que estamos todos juntos, unidos por ideal maior,
onde cada um é uma importante peça do mecanismo divino, e como tal, merece todo
nosso respeito, todo nosso amor.
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