quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Enquanto a próxima história não vem, ainda há tempo para pensarmos juntos...

É o velho hábito do ser humano de ter fé e religião com hora marcada, como uma atividade social, podendo, como em outras situações que compõe sua vida, assumir um tipo de postura diferente, de acordo com a situação.

Se nossa atividade profissional requer um aprumo no trajar, um linguajar polido e respeitoso no trato com clientes ou companheiros de trabalho, chefes, subordinados, assumimos uma postura de acordo com essa exigência, diferentemente de quando estamos em atividades festivas ou desportivas, onde nos portamos de forma mais descontraída, relaxada, porém, ainda nestas situações, tudo fazendo para agradar, para passar uma boa imagem, relevando atitudes que, interiormente, desaprovamos, desprezamos, agindo sempre diplomaticamente, para não gerarmos conflitos desnecessários.

Também no lar, agimos de forma diversa, mais próxima do que realmente somos intimamente, longe que estamos do crivo, do olhar, do julgamento e censura da sociedade, onde acabamos, por vezes, exagerando neste relaxamento, guardando todo o mau humor, toda a impaciência, toda a rispidez, para nossa família, como se esta fosse obrigada a suportar nossos achaques e nossas decepções diárias.

Ainda assim, mesmo com os laços afetivos mais íntimos, com os pais, os consortes, os filhos, é difícil se conhecer alguém de verdade, totalmente, já que todos nós, quando em relação com os outros seres humanos, vivemos usando máscaras, umas diferentes das outras, de acordo com a situação e com o problema que estamos enfrentando, sempre tentando agir no intuito de realizarmos nossos objetivos, de impor nosso pensamento, nossa vontade, nosso desejo.

É um fato normal e não necessariamente algo ruim, depende sempre da intenção, do que quer realizar, quais são as prioridades, os objetivos, não sendo, necessariamente, o uso dessas diferentes posturas, algo desonesto, prejudicial, principalmente, quando assim se age por caridade, para não magoar outras pessoas, para não alimentar discórdias, para relevar traições, agressões, aprendendo assim, a controlar impulsos, sentimentos negativos, como a intolerância, a impaciência, o nervosismo, o preconceito, e outros excessos, que seriam mais prejudiciais se fossem externados, do que resguardados no íntimo, procurando, assim, conte-los e educa-los.

Porém, quando estas máscaras sociais são utilizadas para conquistas egoístas ou baseadas na inferioridade dos instintos, nas paixões degradantes, nos vícios, são prejudiciais, não só para quem se procura enganar, mas, principalmente, para aquele que dela se utiliza, por se ver rodeado de forças negativas acumuladas por suas falsidades, onde a desfaçatez, a maldade, a injustiça costumam prevalecer.

Mais grave ainda quando se falseia as reais intenções íntimas, ao se tratar das atividades espirituais, agindo no dia-a-dia, sem responsabilidade, de forma desequilibrada, distante dos conceitos cristãos, espíritas, e ao chegar ao local de suas tarefas, se portar como se fosse o mais puro representante de Jesus na Terra, como se fosse sincero seguidor da Doutrina Espírita e seu representante leal e produtivo, como se pudesse enganar a espiritualidade superior como engana as pessoas encarnadas que nele depositam sua confiança e esperança de boas realizações doutrinárias, tanto os companheiros de tarefas, como aqueles que vão em busca de auxílio e algum tipo de orientação, de lenitivo, para suas dificuldades e seus problemas, suas enfermidades físicas e espirituais.

Enganando aos outros está enganando a si mesmo, mas, não a seus benfeitores espirituais, que leem em sua alma qual sua real intenção, como é seu modo de vida, sua personalidade, o que realmente busca ao comparecer aos núcleos de atividades espíritas. Os que agem desta forma, após cumprirem suas “obrigações” semanais, voltam as suas tarefas diárias espalhando o mesmo fel que comandam seus sentimentos, agindo não como trabalhadores cônscios de suas responsabilidades espirituais e sim, como turistas, que estão apenas de passagem, buscando nos centros espíritas, o mesmo que buscam em todas as atividades normais, que são as vantagens pessoais, para alimentarem ainda mais a vaidade, o egoísmo, o orgulho, que norteiam suas existências.

Ser cristão, ser espírita, não é e não pode ser um simples passatempo, uma simples atividade para preencher uma lacuna em nossa vida social, ser espírita é um estado permanente de vida, de vontade, de determinação, de postura, uma conduta única e contínua, temos que ser espíritas em período integral, de forma constante, sendo, ele, o Espiritismo, a base de tudo e de todos nossos compromissos e responsabilidades com indivíduo. Temos como missão, como objetivo real, ser sempre:

- um pai cristão
- um filho cristão
- um irmão cristão
- um cônjuge cristão
- um amigo cristão
- um vizinho cristão
- um fornecedor cristão
- um cliente cristão
- um subordinado cristão
- um chefe cristão
- um aluno cristão
- um professor cristão
- um enfermo cristão
- um médico cristão
- um espírita cristão

Todo o tempo e o tempo todo, não é um estilo de vida, é a forma única de se viver, de sentir, de pensar, de falar, de agir. Não há meio termo, não se pode ser meio cristão ou meio espírita, não podemos ser espíritas “não praticantes”, ou somos ou não somos, não somos obrigados a nada, Deus dá toda a liberdade a seus filhos, dá o livre-arbítrio, e cabe a cada um escolher e determinar o que quer ser hoje, cientes que essa escolha, será a base do que serão e terão amanhã.

Nossa postura tem que estar de acordo com nossos pensamentos, com nossas palavras, com aquilo que acreditamos. Se não devemos coagir a ninguém a crer no que cremos, também não temos que nos envergonhar, que nos retrair em relação ao que somos, assumindo nossa condição de espírita, seja qual for a situação.

Uma das dificuldades maiores que temos de nos fazer conhecer por espíritas, por cristãos, vem do fato de termos receio ou vergonha da opinião das pessoas, principalmente, aquelas que se prendem aos costumes de nossa sociedade moderna, quando ser bom, falar de moral, de Deus, de Jesus, se tornou algo obsoleto, digno de desprezo, de pena, de zombaria, apesar desta postura crítica e degradante também não ser nova, atual, na verdade sempre existiu, desde a época do próprio Cristo, onde todos que Nele criam eram vistos como loucos, doentes, só que, naquela época, mesmo com um risco que não corremos hoje, de sermos jogados as feras de um circo, seus seguidores não sentiam medo, vergonha e assumiam com fé e coragem suas condições de cristãos, afrontando destemidamente e de forma pacífica, os detentores do poder temporal.
Temos que entender que não estamos aqui, no plano físico, para agradar ninguém e sim para ressarcirmos nossos débitos, resgatarmos nossas faltas, reatarmos como nossos desafetos e cumprirmos nossas missões. Jesus não deixou margem a dúvida quando determinou, que quem quisesse segui-lo deveria pegar sua própria cruz, que não podíamos agradar a Deus e a mamon, que deveríamos dar a Deus o que é de Deus e a césar o que é de césar.
Portanto, se queremos ser cristãos, espíritas, se desejamos assumir tarefas como médiuns, doutrinadores, dirigentes, palestrantes, se desejamos auxiliar de alguma forma o engrandecimento e a expansão das Verdades Divinas contidas no Espiritismo, temos que ser e viver como espíritas, de acordo com seus princípios, com seus conceitos, não como fanáticos ou dogmáticos e sim, como seres humanos normais, dentro do que a sociedade espera de um homem de bem, agindo em todas as nossas relações de forma tolerante, paciente, sendo caridoso, não julgando, não criticando, calando quando nada de bom tivermos a dizer, falando quando nossa palavra possa ser útil, sendo cordial, educado, agindo com respeito, aceitando as diferenças, compreendendo o estágio evolutivo de cada um, perdoando todo tipo de agressão e de ofensa, mesmo quando soubermos que estamos com a razão, não alimentando nenhum tipo de discórdia, de briga, não nos prendendo a sentimentos inferiores, não sendo vaidosos, fúteis, egoístas, prepotentes, orgulhosos, não nos entregando a vícios, nem a pensamentos e atos que não condizem com uma pessoa de bem e que acredita nos reais valores morais que devem nortear a sociedade onde vive.


Tudo bem simples...

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