A intenção, em tudo que fazemos na vida, sempre se faz
necessária, é louvável, mas, ela, unicamente, nada realiza, constrói, produz.
Vamos supor que temos intenção de viajar:
- escolhemos o local;
- escolhemos a data;
- compramos a passagem;
- fazemos as malas.
Depois de tudo isso, porém, se não sairmos de casa na data
prevista, perderemos a passagem e teremos que desfazer as malas, para
novamente, no futuro, planejarmos outra viagem, restando-nos, do que
resolvêramos anteriormente, apenas o local, o objetivo, que permanecerá como
uma meta, para um dia, vir a ser alcançada.
Podemos ter na nossa vida as mais nobres intenções, planejar
as mais belas tarefas cristãs, estudarmos, nos capacitarmos, idealizarmos
objetivos, porém, se não arregaçarmos as mangas e efetivamente trabalharmos,
realizarmos, vivenciarmos, com esforço, com determinação, com empenho, em nada
terá valido todo o tempo e a energia utilizados na preparação, no planejamento.
Ninguém mora na planta de um prédio, e sim na obra já acabada,
ninguém viaja para algum lugar percorrendo com os dedos um mapa, faz-se
obrigatório pegar a estrada.
Querer algo fazer, saber como fazer, saber o que se quer
fazer, em nada adiantará se, realmente, nada for feito. Nós já desperdiçamos
inúmeras oportunidades reencarnatórias ao longo dos séculos, e, provavelmente,
ainda muitas iremos desperdiçar, por causa do “deixar para amanhã”, para
depois, para um dia, para logo, para quando tivermos tempo, para quando tivermos
paz, para quando tivermos oportunidade financeira, para quando nossos pais
desencarnarem, para quando nossos filhos crescerem, para quando nos formarmos
na faculdade, para quando comprarmos nosso apartamento, para quando casarmos.
Para sermos trabalhadores efetivos da Seara Espírita, da
Seara Cristã, antes de tudo, temos que TRABALHAR.
A vontade de melhorar, a fé, a postura, o aprendizado, tudo é
fundamental para conquistarmos nosso equilíbrio espiritual, mas, não basta
estarmos equilibrados, se continuamos, na prática, estagnados, parados no mesmo
lugar, temos que utilizar o que foi conquistado, a capacidade que adquirimos,
para caminhar, para avançar.
A criança, quando está aprendendo a andar, antes, tenta se
manter de pé, equilibrada, caindo inúmeras vezes até que consegue o que almeja.
Porém, a primeira ação após conseguir ficar de pé, ainda indecisa, é tentar dar
o primeiro passo, e, quantas vezes cair, serão as vezes que ela ficará de pé e
tentará andar. De nada adiantaria tanto esforço inicial, para depois que
conseguisse o equilíbrio, ficasse parada, não tentasse avançar, para mais
aprender, para mais realizar, para mais novos desafios.
Assim temos que ser todos nós, sempre caminhando, sempre
procurando dar outro passo, realizando, trabalhando, efetivamente colocando em
prática tudo que aprendemos para nos transformarmos em pessoas de bem.
Aparentemente, muitos são os que decidem se dedicar as
tarefas espírita-cristãs, principalmente, no que se refere ao desenvolvimento
mediúnico, com, dissimuladas ou declaradas, pretensões de se tornarem
importantes e poderosos médiuns, infalíveis instrumentos da espiritualidade
superior, imaginando gloriosos tributos e louvores, trazendo a nós, simples
mortais, novas e contundes revelações, mensagens de espíritos famosos, de
elevados mentores, sendo aclamados e reverenciados como verdadeiros oráculos do
Espiritismo Moderno.
Bolhas de sabão, de fulgurante leveza, belas e brilhantes,
mas, que se desfazem ao mais leve toque, ao mais suave sopro, a mais simples
contrariedade.
É a viciada atitude daquele que vê o sucesso de alguém e logo
o deseja, como aqueles que superficialmente conheceram a jornada de Chico
Xavier, sem ter a mínima noção do esforço, do sofrimento, da renúncia pessoal,
dos problemas que precisou enfrentar, de tudo que teve que suportar e superar,
para atingir um nível satisfatório de atuação e confiança por parte da
espiritualidade superior, dos benfeitores, em relação as tarefas que pretendeu
assumir e realizar, de acordo com os conceitos e preceitos cristãos.
Conhecimento, experiência, capacitação, não se conquista por
osmose, conquista-se com estudo, com disciplina, com esforço, com trabalho, com
discernimento, com renúncia do pessoal para o coletivo, com oração, com
vigilância férrea sobre os próprios pensamentos, com as próprias palavras, com
os próprios atos.
Ninguém que está no térreo atinge o último andar sem passar
pelo primeiro e pelos demais.
Ninguém chega ao céu sem passar pela Terra. É
melhor ser um bom recepcionista de um hospital, do que um péssimo médico a
tratar de doentes.
O único prazer, a única alegria que o trabalhador espírita
tem que fazer questão de sentir é o de SERVIR. A única glória deve ser a
íntima, a satisfação individual do dever cumprido.
Se para dirigir um automóvel é obrigatório, na lei humana,
aprender, para conquistar uma carteira de habilitação, podemos ter vaga idéia
do que precisamos para ter um mandato mediúnico, para proferirmos uma palestra
perante pessoas que buscam auxílio e orientação, para trabalhar com espíritos
obsessores que perseguem e prejudicam aqueles que consideram seus desafetos.
Assim devem ser encaradas e tratadas todas as tarefas
doutrinárias, das mais complexas as mais simples, até mesmo a daquele que
auxilia a organizar a fila do passe, que auxilia as pessoas a se acomodarem no
recinto, precisam estar preparados, precisam ter o sentimento cristão, para se
portar como um espírita de fato, como uma pessoa de bem, para não se deixar
levar pela arrogância, pela prepotência, para não se julgar algo melhor dos que
ali buscam arrimo, só porque faz parte dos trabalhadores da casa.
Ser espírita não é um passatempo, não é uma profissão, o
centro não é um lugar onde buscamos destaque admiração, quem não conhece os
parâmetros que o Nosso Mestre Amado Jesus deixou para aqueles que aspiram
seguir seus passos, deve antes, aprende-los, estuda-los, agrega-los a sua
personalidade, para depois, iniciar uma jornada efetiva junto as tarefas que o
farão melhorar como indivíduo, mas, principalmente, crescer como irmão, como
companheiro, com amigo de todos aqueles que estarão ao seu lado, na mesma
trajetória, na mesma escola, que é a nossa amada Terra.
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