sábado, 26 de outubro de 2013

Sempre atentos ao porvir...

Em um determinado momento de nossa existência secular, quando concretizamos as possibilidades de algo fazer em benefício do próximo, favorecendo desta forma o nosso próprio crescimento espiritual, e merecidamente, possibilitando com isso, o arrimo, o auxílio e a orientação por parte de nossos benfeitores espirituais, passamos a nos sentir mais fortes e capacitados, para que venha a ser, com mais assiduidade, maior o nosso desejo de doar, do que a nossa carência do receber, quando conseguimos, finalmente, superar nossas deficiências, nossos defeitos, nossos erros, controlando e vencendo nossas paixões inferiores, fazendo com que, resolutos e determinados, galguemos alguns degraus em nossa jornada evolutiva.

Nesta fase, quando mesmo ainda faltando uma imensidão imensurável a conquistar e adquirir em termos de conhecimento e de sentimentos do mais alto grau de benevolência e moralidade, não mais corremos o risco de voltarmos a nos chafurdar nos vícios e nos instintos degradantes que por séculos nos fizeram ficar, quase que totalmente, dependentes da proteção e dos conselhos, da intercessão e da orientação irrestrita, por parte de nossos mentores espirituais.

Passamos, entretanto, neste período, quando já conseguimos vencer e sair da escuridão em que, por vontade própria, por várias existências físicas e espirituais escolhemos permanecer, a correr um novo risco, uma nova sombra volta a rondar a nossa capacidade plena de ascensão a novos desafios cármicos, e ela vem exatamente da luz que nos vislumbra, das claridades espirituais que nos defrontamos, das possibilidades de realizações e crescimentos, no estudo e no trabalho, das companhias renovadas de companheiros de jornada também propensos ao bem, de uma felicidade tal, que podemos passar, mesmo que imperceptivelmente, a nos tornarmos insensíveis para com a dor e o sofrimento dos nossos irmãos do caminho, com o próximo, tal o desprezo e a repugnância pelas energias negativas e os miasmas espirituais, que acompanham e fazem parte determinante da personalidade daqueles que ainda se entregam aos mais degradantes desvarios, vícios, ainda presos que eles estão à indisciplina, aos sentimentos inferiores.

Corremos o risco de viver então, esquecidos do nosso passado recente, onde, talvez, e muito provavelmente, nossa situação fosse muito pior e, assim, muito mais preocupante e de difícil acompanhamento por parte de nossos amigos e benfeitores espirituais, passando a desconsiderar nosso empenho maior junto aos nossos irmãos mais desfavorecidos de possibilidades de crescimento, e isto, mesmo que eles estejam, por suas inconsequências, nada mais que enfrentando as consequências dolorosas naturais a que fizeram jus, o que, pela lógica irrefutável cristã, não nos cabe o direito julgar, e sim, auxiliar com o máximo de nossas possibilidades e seguir adiante.

Desta forma, mesmo já tendo dominado nossas tendências inferiores, mesmo estando mais distantes de corrermos o risco de vir a sucumbir e recalcitrar em nossos erros pretéritos, temos como dever nos manter em constante vigilância, atentos aos nossos pensamentos, as nossas palavras, a nossa postura, aos nossos atos, aos nossos sentimentos mais íntimos, para que não venhamos a cair em outro erro, o da indiferença, gerado pelo egoísmo de nos preocuparmos e focarmos apenas em nosso bem estar, em nossa evolução, vindo, indevidamente, a mesmo que inocentemente, nos julgarmos superiores aos nossos irmãos do caminho, somente pelo fato de já termos conquistado um certo controle e uma certa compreensão de nossas necessidades individuais de transformação, obrigando-nos a nos precaver para não nos tornarmos censores ou juízes para com os erros e crimes do próximo, não vindo, desta forma, a esquecer que já fomos tão ou mais ignorantes das leis e dos conceitos da moral cristã, como eles o são agora.

Sem dúvida, a melhor forma que todos nós possuímos para nos precaver de não cair neste tipo de armadilha, onde nos deixamos levar pelo deslumbramento apenas pelo fato que algo termos conquistado em termos de evolução espiritual e transformação individual, é aquela que nos serve de proteção e guia para enfrentar e superar qualquer dificuldade, que nos orienta em qualquer escolha ou decisão que tenhamos que tomar, que é a de seguir o exemplo de Nosso Amado Mestre Jesus, sendo Ele o espírito mais perfeito que já esteve entre a humanidade terrestre desde os primórdios dos tempos, Aquele que tudo fez, tudo sacrificou, tudo suportou, para que viéssemos a compreender qual o real sentido da nossa existência, qual a Verdade, o Caminho e a Vida que levará a todos superar e suplantar todas as dificuldades que ainda os prendem a inferioridade terrestre, Aquele que tudo fez, por Amor, por Vontade própria, sem medir esforços, indo até o sacrifício extremo de se deixar injustamente imolar, para que compreendêssemos que somente a renúncia do individual, nos levara a conquistar a verdadeira felicidade, nos mostrando que apenas a vitória do todo, da realização produtiva do coletivo, trará a verdadeira vitória espiritual de cada um.

Impossível sermos plenamente felizes se qualquer irmão do caminho, seja ele próximo a nós ou não, estiver sofrendo, estiver precisando de arrimo, de auxilio, seja ele material ou espiritual, do corpo ou da alma. Enquanto existir entre nós o ódio, o ciúme, a inveja, o egoísmo, o orgulho, a prepotência, o preconceito, a humanidade não conseguirá fazer o bem suplantar o mal, o superior não conseguirá sobrepujar, numericamente, o inferior, não terá atingido o estágio evolutivo ao qual nosso planeta está predestinado a atingir, o que nos traz a certeza, que ninguém, mesmo que já tenha conseguido vencer suas tendências inferiores, conseguirá alçar um pleno voo para as mais altas paragens celestiais, enquanto se sentir intimamente ligada àqueles que de alguma forma estiveram caminhando ao seu lado.

Quem, de fato, se superou e evoluiu não consegue, por natural consequência, ser egoísta ao ponto de desejar a felicidade só para si, não conseguirá se sentir plenamente realizado enquanto a sua retaguarda ainda existir e ouvir o choro e o ranger de dentes daqueles que não conseguiram se livrar da inferioridade que alimentaram e fizerem crescer dentro de si.

Ninguém consegue dormir totalmente despreocupado e feliz se alguém, no leito ao lado, estiver gemendo e se lamentando de dor, ninguém consegue viver totalmente em paz, no meio de uma guerra, ninguém consegue desfrutar totalmente de seu conhecimento, no meio da ignorância, ninguém viverá totalmente equilibrado se aquele que está ao seu lado está demente e entregue a loucura.

O progresso, o crescimento, a evolução só são reais quando acompanhados e alicerçados, nos sentimentos básicos que formam e estão presentes em todos os conceitos cristãos, em todos os preceitos espíritas, baseados na lei de causa e efeito, na pluralidade das existências, dos mundos, sentimentos como a humildade, o respeito, a bondade, a caridade, a tolerância, a paciência, o perdão e principalmente o Amor, como nos exemplificou e aconselhou Jesus, ao Próximo, como a nós mesmos e a Deus sobre todas as coisas.

Nosso aprendizado deve ser constante, nosso estudo, nosso trabalho, nossa disposição de crescer, de melhorar, de progredir, tudo fazendo e tudo conquistando, não só para o bem individual, para o bem de si próprio, mas, principalmente, para o bem coletivo, expandindo nosso conhecimento, nossa experiência, nossa capacidade produtiva, nossa possibilidade de realização, pois, aquele que, seja o que for que conquiste, o faça somente para si, pensando meramente em sua satisfação pessoal, mesmo que não faça mal a ninguém, restringe o bem, impede, em seu egoísmo, que os outros também possam vir a crescer, não dividindo, insensatamente acumulando, vindo com isso, apesar de todas as suas possibilidades de avançar, ter extrema dificuldade de se manter equilibrado e encontrar o que todos nós almejamos, a verdadeira paz de espírito.


Tudo que conquistamos na Terra, mesmo que com nosso esforço próprio, pertence a quem de fato criou, ou seja, a Deus, somos meros usufrutuários, recebemos da bondade divina os empréstimos necessários para que conquistemos a vitória espiritual tão almejada, e como tal, ao ser pago, ao ser devolvido, será levado em conta o que fizemos deles, como os gerimos e o quanto deles poderemos devolver, em condições de que continuem a serem utilizados pelo todo, para que só assim, tenhamos plenamente a consciência do nosso saldo perante o universo cósmico, vindo a saber o quanto de positivo ou negativo acumulamos para a continuidade de nossa jornada evolutiva.

Isso quando chegarmos a este patamar de compreensão...

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